São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Dissidentes prejudicam acordos

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

A advogada do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) no Pontal do Paranapanema, Meire Orlandini, teme que as ações dos grupos dissidentes dificultem a revogação do pedido de prisão preventiva de quatro líderes da entidade.
Esses grupos não seguem as orientações do MST e também não participam das negociações e decisões tomadas pelas lideranças do movimento.
Segundo ela, os dissidentes não estão seguindo as orientações do MST de manter uma trégua nas invasões de terras na região. Mas, desde que o acordo foi firmado os grupos dissidentes passaram a invadir terras na região.
Orlandini disse esperar que o promotor Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, 28, e o juiz Darci Lopes Beraldo, ambos de Pirapozinho (SP), não levem em conta as ações dos dissidentes "na hora de analisar" o pedido de relaxamento de prisão.
"As ações desses grupos não-vinculados ao MST são isoladas", afirmou Orlandini.
O promotor Ribeiro da Silva disse que até amanhã vai entregar ao juiz sua posição sobre o pedido de relaxamento da prisão de José Rainha Jr., de sua mulher, Diolinda Alves de Souza, e de Laércio Barbosa e Márcio Barreto.
Os quatro tiveram as prisões decretadas pela Justiça acusados de formação de quadrilha. Diolinda e Barbosa foram presos e estão na Penitenciária do Carandiru, em São Paulo.
Rainha e Barreto conseguiram fugir e não foram mais localizados pela polícia.
Orlandini disse que Rainha e Barreto estão "bem". Afirmou que teve "contato telefônico" com Rainha na sexta-feira.
"Ele disse que está na região, num local de difícil acesso. Só reclama da saudade do filho e da demora de uma solução."
A última invasão feita pelos "independentes" foi na sexta-feira, quando cem famílias entraram na Fazenda Rodeio, em Martinópolis (530 km de São Paulo).
O sem-terra José João de Souza, líder da ocupação da Fazenda Rodeio, diz que seu grupo age independentemente do MST por decisão própria. "Somos independentes nas decisões, mas agimos pelo mesmo fim: a reforma agrária."
Gilmar Mauro, um dos líderes no Pontal e da direção nacional dos sem-terra, também nega divergências. "O que nos une é a falta de terra para trabalhar", disse.

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