São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Prado estréia no curta em 'Glaura'

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A caminho do quarto longa-metragem ("A Hora Mágica"), o diretor paulista Guilherme de Almeida Prado lança amanhã no Festival de Cinema de Brasília seu primeiro curta. "Glaura" mostra a relação entre um escritor preso a uma cadeira de rodas (José Lewgoy) e sua sofrida nora (Júlia Lemmertz).
O projeto surgiu como um dos cinco episódios do longa "Felicidade É", de Cecílio Neto, Jorge Furtado, José Pedro Goulart e José Roberto Torero. "Glaura" ficou de fora, por não ficar pronto a tempo de participar, em agosto passado, do Festival de Gramado.
O cineasta falou à Folhacom exclusividade no final da semana passada. Comentou sua experiência no curta, metralhou "Felicidade É" mesmo antes de vê-lo e apresentou seu novo projeto.

Folha - Como foi trabalhar no curta depois dos longas?
Guilherme de Almeida Prado -Dizem que enquanto em um longa você pode ganhar o espectador por pontos, no curta é por nocaute. Não me preocupei com isso. Nunca tinha tido uma experiência completa com curta. Em "Glaura", toda a construção tinha um único objetivo: proporcionar dois ou três segundos de felicidade ao espectador no final do filme.
Folha - O que você achou de "Felicidade É"?
Prado - Não assisti. Mas, pela má repercussão do filme, sinto que o resultado ficou muito inferior ao excelente argumento original.
Folha - E os prêmios em Gramado, incluindo o de público?
Prado - Não foram o bastante para me levar ao cinema. O filme foi mau de bilheteria em SP.
Folha -Lewgoy faz um personagem diferente do habitual. Você escreveu pensando nele?
Prado - Em geral não penso em atores quando escrevo, mas em "Glaura" abri uma exceção. No caso de Lewgoy, há muito eu havia prometido escrever um personagem onde ele pudesse mostrar todos seus dons. Em geral oferecem a Lewgoy papéis "bigger than life"; ou seja, o vilão, o personagem irreal. Ele sempre quis representar papéis de carne e osso.
Folha - Qual o tema de "A Hora Mágica"?
Prado -Eu o adaptei do conto "Cambio de Luces" de Julio Cortazar, que é sobre um homem que acredita que pode mudar a realidade mudando a luz que incide sobre ele. Acontece que este homem é um ator de radionovelas em 1950, e com isso procuro analisar a relação entre os universos visual e sonoro no momento em que se inaugura o primeiro canal de TV no Brasil. Tenho mais de 50% do dinheiro necessário. Estou montando o elenco, que já tem confirmados José Mayer, Julia Lemmertz, Raul Gazzola e, José Lewgoy.

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