São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Restrição à Nigéria exclui petróleo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A comunidade internacional aumentou ontem restrições à Nigéria pelo enforcamento de nove ativistas de direitos humanos na sexta-feira, mas sanções à compra de petróleo do país não foram adotadas.
A Comunidade Britânica (Commonwealth) suspendeu a Nigéria e ameaçou o país de expulsão se não houver reformas que levem o país à democracia em dois anos.
A decisão é inédita no grupo de 52 países que reúne o Reino Unido e ex-colônias britânicas que ainda mantêm laços econômicos, militares e diplomáticos.
Os EUA e a União Européia retiraram seus embaixadores da Nigéria. O papa João Paulo 2º se uniu ao coro de protesto após o enforcamento dos ativistas.
O premiê britânico, John Major, impôs um embargo total à venda de armas à Nigéria e pediu aos demais países que façam o mesmo.
Mas tanto Major quanto Bill Clinton, presidente dos EUA, manifestaram cautela quanto ao embargo à compra de petróleo.
Segundo ambos, o embargo poderia afetar o povo nigeriano e não os líderes militares. Grupos de defesa dos direitos humanos protestaram, dizendo que a indústria petrolífera é controlada por militares.
O filho do escritor e militante pró-direitos humanos Ken Saro-Wiwa, enforcado na sexta passada, disse que seu pai clamava do túmulo pelo embargo ao petróleo.
Em Auckland (Nova Zelândia), onde se reúne a Comunidade Britânica, ativistas nigerianos afirmaram que o embargo pressionaria a Nigéria a respeitar os direitos humanos e a restaurar a democracia.
Ele e outros ativistas afirmaram que o embargo pressionaria a Nigéria a respeitar os direitos humanos e a restaurar a democracia, abortada com a anulação das eleições realizadas em 1993.
Saro-Wiwa liderava uma campanha de autodeterminação para os 500 mil integrantes da minoria ogoni na Nigéria, país com quase 90 milhões de habitantes.
Ele e outros oito membros do movimento foram condenados pelo assassinato de quatro chefes ogonis pró-governo.
Os EUA compram metade do petróleo nigeriano, e empresas britânicas têm enormes investimentos do país do oeste da África.
A empresa Shell negou que ela e suas parceiras Agip e Elf devem sair da Nigéria. O premiê Major disse que manteria contato com a Shell nos próximos dias.

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