São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Penn trabalha território imaginário

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

O que mais atrai em toda a perseguição que move "Caçada Humana", de Arthur Penn (CNT/Gazeta, 20h), é o cenário em que tudo acontece.
Marlon Brando é um xerife que tenta se manter distante de toda a corrupção que permeia o poder local, mas termina tendo como tarefa prender um jovem (Robert Redford) que por razões várias incomoda toda a elite dessa pequena cidade do sul dos EUA.
A filme acontece não exatamente em um lugar. Seu enredo se desenvolve antes em uma terra mítica para o liberal americano: o sul racista, moralista e que sofre de uma permanente tensão sexual vivida por todos seus habitantes.
"Caçada Humana" trabalha em um território fomentado por diretores como Elia Kazan e pelo dramaturgo Tennessee Williams, uma espécie de patrono da América branca vitimada pela neurose.
Mas aqui não há Williams e sim Lillian Hellman, que assina o roteiro. Seu esforço é voltado para a denúncia, que se dirige mais contra um determinado "status" social que uma tragédia freudiana.
Assim, o que Penn faz com maestria é recolher os subterrâneos -nada positivos- que Hellman coloca à vista e trabalhá-los menos como panfleto e mais como cinema. Há rigor, estilo e, claro, Marlon Brando.
Outra atração do dia é uma comédia. "Picardias Estudantis", uma produção americana do início dos anos 80 que tenta capturar um momento -o fim da adolescência- de um grupo de jovens colegiais americanos.
Com todo o exagero -ou mesmo grotesco - que persegue os filmes do gênero, "Picardias" brinca com uma certa visão que o cinema americano do período tinha desse tipo de personagem, quase sempre construído na mais pura idiotia.

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