São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995 |
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Serviço secreto admite falha
PATRICK COCKBURN
Halevy contou o que ouvira ao oficial comandante do Comando Central do Exército israelense, onde trabalhava como reservista. Ele repetiu a mesma história em interrogatório na polícia de Jerusalém. O estudante foi interrogado uma vez. A polícia e o Shin Bet (serviço secreto israelense) não encontraram o jovem baixinho, religioso, de ascendência iemenita, que planejava matar Rabin. Após a morte de Rabin, Halevy foi preso e repetiu o que sabia sobre os planos de Yigal Amin. Mas sua explicação sobre como tomou conhecimento do ataque mudou. Halevy havia conhecido Yigal Amir dois anos antes, na escola de direito da Universidade Bar-Ilan. Halevy tinha uma namorada militante de um grupo de estudantes direitistas da Bar-Ilan, e foi ela que lhe contou sobre Yigal Amir e seu plano. Halevy inventou que ouvira a conversa na rodoviária e ocultou o nome de Amir para proteger sua namorada. No final da semana passada, o jornal "Yedioth Aharonot" noticiou que o Shin Bet recebera um aviso detalhado antes do assassinato, mas optara por ignorá-lo. No domingo, o chefe do Shin Bet enviou um fax à rádio do Exército israelense, dando sua própria versão dos fatos. O objetivo era mostrar que o Shin Bet não tinha o nome do futuro assassino. Halevy só foi interrogado uma vez. Se ele tivesse contado que tinha ouvido uma conversa semelhante entre palestinos numa rodoviária de Jerusalém Oriental, será que o Shin Bet teria mostrado tão pouco interesse? Os oficiais do Shin Bet terão dificuldade em fugir das acusações de que, se tivessem pressionado Halevy um pouco mais, poderiam ter revelado a identidade do potencial assassino. O Shin Bet sempre teve talento para se autopromover, mas de um ano para cá vem sendo atingido por uma série de escândalos. Em abril deste ano Abdel Samed Hrizat, um suspeito integrante do Hamas, de Hebron, foi espancado até a morte enquanto era interrogado por agentes do Shin Bet em sua cela em Jerusalém. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Religiosos pediram a morte Próximo Texto: Ato não foi religioso, diz rabino Índice |
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