São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Gerente vive 'sequestro-relâmpago'

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Dois homens e dois menores, armados com uma pistola de brinquedo Glock, de 9 milímetros, participaram ontem de uma tentativa de sequestro do gerente da boate Carinhoso, em Ipanema, (zona sul do Rio), Edson de Souza Gonçalves.
O sequestro foi frustrado em cerca de uma hora por uma patrulha da 21ª DP (Delegacia de Polícia) que estava nas proximidades da favela Nova Brasília (zona norte), para onde Souza foi levado.
Dois sequestradores, Júlio César Monteiro dos Santos, 20, e um menor, foram presos. Os outros dois sequestradores, conhecidos apenas por "Careca" e "Rato", conseguiram escapar.
Santos é ex-funcionário da boate Carinhoso, onde trabalhava como faxineiro.
A polícia acredita que o alvo do sequestro era um dos sócios da boate, chamado Márcio, que se negou a dar seu sobrenome.
"Eles acabaram levando o gerente porque não acharam o sócio. Eles queriam levá-lo e pediriam o resgate ao Chico Recarey, que é sócio dele", disse o delegado da 21ª DP, Waldemar Gonçalves.
O espanhol Chico Recarey, dono de vários restaurantes, boates e casas de bingo, é um dos maiores empresários da noite carioca.
Ação
Por volta das 11h de ontem, os quatro entraram na boate, amarraram os funcionários que estavam trabalhando no local e fugiram com o gerente em seu carro.
O grupo levou ainda dois videocassetes, um computador, uma impressora, uma máquina de calcular e vários maços de cigarros.
Segundo a polícia, eles levaram ainda pouco menos de R$ 1.000,00 em dinheiro.
O gerente foi obrigado a dirigir seu próprio carro com os sequestradores até a entrada da favela Nova Brasília.
Quando Souza viu uma patrulha da 21ª DP no local, ele jogou seu carro na direção dos policiais.
O gerente foi libertado, dois dos supostos sequestradores foram presos na hora e outros dois conseguiram fugiram a pé. Nenhum tiro foi disparado.
O delegado Gonçalves acredita que os quatro supostos sequestradores estariam terceirizando seus serviços. Eles apenas levariam o gerente da boate de Ipanema até a favela Nova Brasília.
"Ele levariam um dinheiro por levar o cara e o entregar a algum sequestrador graúdo e experiente da área, que cuidaria das negociações", disse o delegado.
Santos nega que estivesse sequestrando Souza. Ele afirmou que queria apenas reaver parte dos salários de seis meses de trabalho que, segundo ele, não foram pagos integralmente.
Carona
"A gente não ia sequestrar ninguém, não. Ele é que se ofereceu para levar a gente até a favela Nova Brasília e a gente aceitou", disse Santos, provocando risos do delegado Gonçalves.
O sócio e o gerente da boate Carinhoso também prestaram depoimento ontem na 21ª DP, mas se negaram a fazer qualquer comentário sobre o caso.

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Sobre sequestros no Rio à pag. 3

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