São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Back documenta Stefan Zweig e índios

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O cineasta Sylvio Back veio ao 28º Festival de Cinema de Brasília com um filme embaixo do braço -o curta "Zweig: a Morte em Cena", que concorre na categoria 16 mm- e dois na cabeça: os longas "Yndio do Brasil", que entra em cartaz sexta-feira em São Paulo, e "Lost Zweig", que ele quer realizar no ano que vem.
Já exibido na televisão alemã em outubro, o curta "A Morte em Cena" reúne depoimentos de pessoas que tiveram contato com o escritor austríaco Stefan Zweig, que se matou com a mulher em Petrópolis em 1942.
Entre outros temas polêmicos, aborda as supostas negociações que Zweig teria mantido com os ditadores Salazar, de Portugal, e Getúlio Vargas, do Brasil, para conseguir um território para os judeus que fugiam do nazismo.
O filme foi encomendado pelo Instituto Goethe e será exibido nas 170 unidades da instituição.
Zweig considera esse curta um "ensaio geral" para o longa-metragem de ficção "Lost Zweig", que reconstitui a última semana de vida do escritor no Brasil.
"Como Orson Welles estava no Brasil na mesma época, tive a idéia de filmar o encontro entre os dois, que na verdade não ocorreu, mas poderia ter ocorrido", disse Back à Folha. "Além disso, há entrevistas de Welles em que se diz admirador de Zweig e disposto a ir encontrar-se com ele."
Para Back, esta seria uma maneira de "cruzar as trajetórias desses dois gringos que se apaixonaram profundamente pelo Brasil".
Orçado em R$ 2,1 milhões, o filme deverá ser uma co-produção internacional falada em inglês, com equipe e elenco brasileiros, com exceção do casal Zweig.
Back já conseguiu R$ 500 mil do Prêmio Restate do Cinema Brasileiro (Ministério da Cultura) e R$ 200 mil da Riofilme.
O documentário "Yndio do Brasil", que entra em cartaz sexta-feira no Cinesesc, é uma colagem de trechos de cem filmes em que aparecem índios brasileiros.
"O filme mostra como o cinema viu o índio, desde a década de 10 até hoje", diz Back. Segundo ele, "o cinema tem reproduzido o mesmo olhar preconceituoso, idílico, discriminatório, que a nossa sociedade tem".
O cineasta diz ter pesquisado 700 filmes de índio no Brasil e nos EUA.
Almeida Prado
Outro diretor que trouxe um curta a Brasília, mas já pensa no novo longa, é Guilherme de Almeida Prado. Ele concorre, na categoria 35 mm, com "Glaura", concebido para fazer parte do longa de episódios "Felicidade É...", do qual acabou ficando de fora.
Mas a cabeça do cineasta já está na preparação de "A Hora Mágica", adaptação livre do conto "Cambio de Luces", de Julio Cortázar, que ele quer filmar em março e abril de 96.
É a história de um ator de radionovelas por quem uma ouvinte se apaixona. No elenco estão José Mayer, José Lewgoy e Julia Lemmertz. Os dois últimos estão também em "Glaura", curta que mostra o relacionamento entre um velho paralítico (Lewgoy) e a nora (Lemmertz).
"Hora Mágica" está orçado em R$ 1 milhão. Almeida Prado já tem R$ 350 mil obtidos em concurso da Prefeitura de São Paulo e R$ 200 mil da iniciativa privada.

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