São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cadeia ou governo

Contrabando, narcotráfico, corrupção e exploração de trabalho escravo. Mesmo sendo alvo dessas acusações, algumas com abundância de provas, o governador do Acre, Orleir Cameli (PPB), continua à frente do Executivo, apesar do pedido de intervenção feito por todos os senadores do Estado.
É claro que todo mundo é inocente até prova em contrário, mas há de se convir que um governante que conseguiu produzir uma lista de 18 irregularidades em apenas 10 meses de governo deve ser afastado do posto para, pelo menos, evitar que ele coloque a máquina do Estado a serviço da destruição de provas ou intimidação de testemunhas e investigadores.
O fenômeno da bandidagem comum entre políticos, principal, mas não exclusivamente os oriundos das partes mais atrasadas do país, revelam a fatal combinação poder econômico-ignorância da população que muitas vezes leva ao Congresso e a palácios de governo gente que lá não poderia estar.
Melhorar a legislação política, reforçar a fidelidade partidária, acabar com legendas de aluguel são passos importantes e necessários para elevar um pouco o nível da representação política no Brasil que, afinal, não é um país de bandidos. Mas não se podem nutrir ilusões. O país só terá políticos à sua altura quando houver educação de boa qualidade para todos. Até lá, outros camelis surgirão.

Texto Anterior: Insistente descaminho
Próximo Texto: Caro prefeito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.