São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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MST dá aula em estrada como protesto

DA REPORTAGEM LOCAL

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) fechou ontem por uma hora uma estrada vicinal no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo) em protesto contra a retirada de 50 famílias de sem-terra de uma área da Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
Durante o protesto, o MST simulou uma aula de português para 27 filhos de sem-terra na rodovia que liga Sandovalina a Teodoro Sampaio (710 km a oeste de SP).
Anteontem, a Polícia Militar cumpriu ordem de reintegração de posse da área da Cesp, em poder dos sem-terra desde outubro.
A área, de 40 alqueires, abrigava um canteiro de obras da usina de Taquaruçu.
Desde a ocupação dos alojamentos da Cesp, o MST vinha promovendo aulas para as crianças sem terra.
O movimento entende que o governo do Estado descumpriu acordo ao articular a reintegração.
A "aula" foi ministrada por professoras ligadas ao movimento, em carteiras do próprio MST.
O protesto não causou grandes transtornos, porque a rodovia tem pouco movimento.
Outro lado
Pela manhã em São Paulo, o governador Mário Covas disse não ter compromisso algum com os sem-terra que deixaram a área da Cesp.
Segundo o governador, o acordo firmado com as lideranças do MST não prevê a destinação da área para assentamentos.
"Quando conversamos ficou acertada uma escola agrícola, mas deixamos claro que ninguém permaneceria na área da Cesp."
Em conjunto com a Unesp (Universidade Estadual Paulista) e o Itesp (Instituto de Terras de São Paulo), a Cesp vai implantar na área uma escola agrícola para trabalhadores rurais da região, uma reivindicação do próprio MST.
Pelo acordo firmado entre o governo do Estado e o MST no início de novembro, 1.050 famílias serão assentadas na região até o final do ano e mais 1.050 famílias até junho de 96. Em troca, o MST suspenderia as ocupações de terra.
Covas disse ter estranhado declarações de líderes sem terra à imprensa segundo as quais as ocupações seriam retomadas no Pontal com a reintegração de posse da área da Cesp.

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