São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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PFL usa ACM e rap e se diz fiador do Real

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PFL decidiu faturar desde já o sucesso do Plano Real e a reforma da Constituição. Para tanto, vai da pregação institucional ao rap e anuncia as suas bandeiras para ser o maior partido brasileiro no ano 2000.
No programa político de rádio que o partido leva ao ar hoje à noite, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) atribui o sucesso do Real ao apoio do partido ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Esse êxito (contra a inflação), os brasileiros devem ao apoio que o PFL tem dado ao governo", afirma o senador no programa, insistindo em que o partido foi o primeiro a "vestir a camisa do Real" porque "tem visão".
O programa do partido não fala do futuro da aliança eleitoral com o PSDB, nem da possibilidade de reeleição de FHC.
Há nos dois partidos quem defenda a manutenção automática da aliança e quem diga que ela foi episódica, apenas para eleger FHC, mas se dissolveria em razão de divergências ideológicas.
O fato de os pefelistas chamarem para si a responsabilidade pela estabilização da economia certamente vai criar algum constrangimento junto ao PSDB, que se pretende, como partido do presidente, o principal fiador da estabilidade.
Furacão de obras
Entre as administrações pefelistas, são destacadas a de Roseana Sarney, no governo do Maranhão, e César Maia, prefeito do Rio de Janeiro. "É o furacão de obras e projetos do PFL que está gerando empregos no Rio."
Sobre Roseana, o programa afirma que o governo do Maranhão já tratou de colocar em vigor a reforma administrativa planejada por FHC.
Com isso, Roseana teria economizado R$ 55 milhões. O programa não fala do empréstimo de emergência de R$ 40 milhões que a governadora obteve junto ao governo federal para fechar as contas do Estado.
Um locutor afirma que o "programa do governo Fernando Henrique tem a marca do PFL" e proclama o partido como o "líder das reformas" no Congresso.
"A união do PFL conseguiu enterrar os monopólios", contabiliza. O partido não cita que está dividido nos debates sobre a reforma administrativa e da Previdência.
"O partido tem sido coerente", observa o vice-presidente Marco Maciel, que representou o PFL na coligação "União, Trabalho e Progresso", que lançou FHC à Presidência, em 1994.
A presença pefelista no governo foi destacada: "Os ministros Gustavo Krause (Meio Ambiente), Reinhold Stephanes (Previdência) e Raimundo Britto (Minas e Energia) são gente do PFL".
PFL 2000
A meta do PFL para os próximos cinco anos é se transformar no maior partido brasileiro, tomando o lugar ocupado atualmente pelo PMDB.
A próxima etapa desse projeto está prevista para as eleições municipais do ano que vem.
O crescimento planejado da legenda deverá assegurar ao PFL, segundo cálculo da cúpula do partido, um cacife maior na sucessão presidencial de 1998.
No programa, os planos do PFL de conquistar o poder no ano 2000 são animados por um rap, tocado por uma banda de Taguatinga, cidade-satélite de Brasília.
"Eu tô ligado no projeto/ de mudança/ na virada do milênio/ que o PFL tem/ Esse partido é o da cidadania/ E para nossa alegria/ Está de olho no que vem", diz um trecho da música.
"PFL 2000" é o refrão do rap e também o nome do projeto de mudança da imagem do PFL. O projeto escolhe a educação e a criação de empregos como as bandeiras principais do partido.

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