São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995 |
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Especialistas prevêem boom de fusões
MILTON GAMEZ
Desde a entrada da nova moeda, há 16 meses, triplicaram as consultas de companhias nacionais e estrangeiras à Arthur Andersen, uma das maiores do mundo no setor de consultoria. As áreas de negócios relacionados a remanejamento e avaliação de ativos, acordos societários e compra e venda de empresas são as mais procuradas, diz Muniz. "É impressionante como aumentou o interesse de estrangeiros em investir no Brasil após o Real. Com isso, as empresas estão se reorganizando, procurando parcerias, comprando ou fundindo-se a concorrentes para ganhar escala." O presidente do Banco Pactual, Luiz Cézar Fernandes, é outro que prevê o deslanchar desse tipo de negócio. É que é muito mais barato para uma empresa comprar "market share" (participação de mercado) do que partir do zero. "Os investimentos externos em empresas existentes vão crescer muito, principalmente nas companhias familiares que estão na terceira geração e enfrentam problemas de sucessão", diz Fernandes. Os negócios, na verdade, já estão ocorrendo. Sem revelar nomes, Muniz afirma estar negociando a venda de uma indústria de tecelagem para um grupo americano. Como a família controladora local tem fazendas e outros bens incorporados à indústria têxtil, a venda só será concluída após a cisão desses ativos. Também despertam interesse de investidores -sobretudo americanos- empresas de cosméticos, financeiras (bancos e seguradoras), de autopeças, de alimentação infantil, de petroquímica e de mineração. "Nos últimos meses, após a crise do México e as dificuldades da Argentina, o Brasil voltou a ser, para os empresários, a menina dos olhos da América Latina", assegura Muniz. O movimento é parecido com aquele dos anos 60 e 70, quando o país recebeu pesados investimentos internacionais. Com o Mercosul, o Brasil passou a ser o alvo predileto de empresas interessadas em instalar-se na região, devido ao seu amplo parque industrial e canais de distribuição. A diferença é que hoje o capital externo vem em busca de empresas já instaladas, exceto em alguns mercados, como o de automóveis, onde não há oferta de fábricas, acrescenta Fernandes. O movimento de fusões e aquisições invade os países devido à globalização da economia. Com a queda das fronteiras comerciais, só sobreviverão as empresas enxutas, produtivas e lucrativas -o que estimula as compras e uniões de companhias, explica Muniz. No setor financeiro americano, grandes fusões têm sido anunciadas por bancos ávidos por ganhar escala sem aumentar despesas. É o caso, por exemplo, das gigantescas fusões do Chemical Bank com o Chase Manhattan Bank e do First Union com o First Fidelity. No Brasil, essa tendência tem sido impulsionada pela queda da inflação e pela perspectiva de redução dos juros a partir de 1996. Texto Anterior: Perda com fusões é divergente Próximo Texto: Citibank quer comprar bancos Índice |
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