São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
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Contrastes da cidade fscinam americano

ERIK SANDBERG-DIMENT
DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES

Ao longo da famosa Costa Verde brasileira, as montanhas íngremes e recobertas de mata praticamente caem dentro do mar.
No ponto de junção entre mar e montanha, faixas intermitentes de branco separam o verde escuro da floresta do azul do mar -são as belíssimas praias da região, entre as melhores do mundo.
Entre Itacuruçá, cerca de 80 km a sudoeste do Rio de Janeiro, e Parati, 241 km mais ao sul, há cerca de 365 ilhas.
Chega-se a suas praias brancas e cenários tropicais em barcos tripulados que levam os turistas às ilhas que eles desejam conhecer.
Nas palavras de Américo Vespúcio, que explorou os litorais dos continentes que receberam o seu nome: "Oh, Deus! Se houvesse um paraíso na terra, não distaria muito daqui.
Quando visitei a região, em março passado, constatei que esse pedaço de litoral tem mais a oferecer ao turista do que suas praias e os saborosos pratos locais, como o caldo de feijão com pinga.
Pois, por um acaso da história, a cidade colonial de Parati ficou encerrada numa cápsula do tempo, que a conserva no século 18 até os dias de hoje.
O povoado e seu porto adquiriram importância no início do século 18, quando Parati tornou-se ponto de passagem no comércio do ouro garimpado nas montanhas de Minas Gerais.
O ouro era trazido para Parati em animais de carga e dali era embarcado para Portugal. Hoje chega-se a Parati por dois caminhos: pela estrada litorânea SP-55 ou pela SP-171, que desce da via Dutra, rodovia entre São Paulo e Rio.
A sinuosa SP-171 acompanha o traçado da trilha indígena original, que desce do planalto ao interior, pela tortuosa descida da serra do Mar, até a baía tranquila que primeiro chamou a atenção dos portugueses.
Quem já viveu a experiência de descer essa estrada sinuosa em companhia de paulistas, apressados para chegar às praias e desatentos a quaisquer avisos de ultrapassagem proibida, entenderá por que, na década de 1720, os portugueses abriram um novo caminho até as minas de ouro, saindo diretamente do Rio de Janeiro.
Com isso, eles deixaram Parati de lado e a cidade continuou cochilando até hoje em algum momento do século 18.

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Sobre Parati à pag. 6-24

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