São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Planalto se opõe à abertura de investigações

MARTA SALOMON

MARTA SALOMON; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique insiste em levar adiante, sem alterações ou novos adiamentos, o projeto de instalação de radares na Amazônia. A possibilidade de cancelar o contrato é descartada pelo Palácio do Planalto.
Apesar dos indícios de tráfico de influência no Sivam, FHC é contra instalar uma CPI no Congresso para investigar o projeto.
O presidente espera contar com o apoio dos parlamentares aliados para barrar hoje a proposta de abertura da CPI e para aprovar, no Senado, os empréstimos externos para financiamento do Sivam.
A possibilidade de reformulação do projeto foi admitida, no domingo, pelo chefe do Emfa (Estado Maior das Forças Armadas), general Benedito Leonel. Ontem, FHC decidiu que não há o que rever no Sivam, apurou a Folha.
Na avaliação feita pelo Palácio do Planalto, a escuta telefônica que derrubou, em menos de 48 horas, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos e o ministro Mauro Gandra não é motivo para uma comissão de inquérito.
FHC entende que não houve crime de tráfico de influência, mas apenas a demonstração de mau comportamento de um ex-assessor.
FHC espera para hoje a renúncia de Santos à indicação para embaixador do Brasil no México, enviada no início do mês ao Senado.
Com a demissão do embaixador e do brigadeiro, o governo avalia que cumpriu a sua parte para salvar o projeto Sivam.
FHC dirá hoje a parlamentares aliados que o Congresso dispõe de outros mecanismos, além da instalação de uma CPI, para esclarecer qualquer dúvida sobre o programa, como as comissões permanentes que funcionam no Legislativo.
Uma investigação promovida pelo Congresso poderia atrapalhar a votação das reformas constitucionais propostas pelo governo, na avaliação do Planalto. O presidente confia que durante o dia, os aliados do PFL, que ontem defendiam a investigação, passarão a lutar contra a abertura da CPI.
FHC quer cumprir os compromissos internacionais assumidos com os EUA na negociação do Sivam. A demora dos parlamentares em ratificarem o contrato com a empresa norte-americana Raytheon Company, escolhida para vender equipamentos para a instalação do Sivam, só prejudica o país, na avaliação do Planalto.
Fernando Henrique sustenta que dificilmente o Brasil poderá obter outro empréstimo para implantar radares na Amazônia nas mesmas condições negociadas com o Eximbank americano.
A Folha apurou que a possibilidade de rompimento do contrato com Raytheon é uma questão delicada para a cúpula da Aeronáutica. Os militares não abrem mão da empresa norte-americana.
Consideram que o cancelamento da concorrência seria uma sinalização clara de que o governo coloca sob suspeita o processo de escolha da empresa, insinuando possíveis irregularidades cometidas por oficiais da Aeronáutica responsáveis pelo Sivam.

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