São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Autor e diretor brilha com teatro infantil
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Viniccius Marquez, o mais badalado autor do teatro infantil do Rio no momento, diz que não se inspira em nenhum dos dois: "Faço tudo por curiosidade e o sucesso vem porque não falo com crianças como se fossem debilóides". Seus dois textos em cartaz no Rio de Janeiro são "Os Dragões" -uma fábula sobre um filhote de dragão roubado da lua por astronautas- e uma adaptação do clássico Robin Hood. Um terceiro texto seu está em turnê pelo Nordeste e é destinado ao público adulto. Trata-se de "Alô, Madame", uma comédia sobre trambiqueiros, que esteve durante o primeiro semestre deste ano em São Paulo. O "Tip Tap" ficou dois anos em cartaz no Rio e em São Paulo e teve a temporada encerrada na semana passada. A produção cuidadosa e cara é uma marca comum a seus espetáculos: "Tip Tap" custou R$ 70 mil, "Alô, Madame", R$ 250 mil (teve patrocínio do Banco Real), e "Os Dragões", R$ 150 mil. "Robin Hood", o mais barato (R$ 50 mil), tem a vantagem de ser encenado no bosque da PUC do Rio, em cinco cenários diferentes, com o objetivo reproduzir a ambientação original em que se passa a história. O público acompanha de perto as cenas, que tem a participação de cavalos e muitos figurantes. E as crianças chegam a sair correndo atrás dos atores, querendo jogar pedras no xerife de Nottingham, o vilão da trama. Carioca, criado em Brasília, Viniccius, 36, trocou a faculdade de direito pelo teatro e voltou ao Rio com 19 anos. Já cantou, dançou, sapateou, dublou e fez até "aquele trabalho horrível de elenco de apoio de novela". Hoje, sobrevive com o teatro infantil. Descobriu o produtor e diretor Ronaldo Tasso, com quem montou "Tip Tap" e "Os Dragões", e já pensa num musical para o próximo ano. Sem filhos -"gosto de criança, mas tenho um pouco de preguiça"-, Viniccius Marquez diz ter sido um menino travesso, sem especial afeto pelos livros. Ao invés dos clássicos infantis, suas primeiras descobertas "literárias" foram fotonovelas e best-sellers de Harold Robbins e Sidney Sheldon. "Eu gostava de coisas de adulto. Falo com as crianças como gostaria que tivessem falado comigo. Não adianta esconder nada delas, porque hoje são mais espertas, têm televisão e computador", diz. Nos espetáculos, o autor e ator vibra quando as crianças dominam a cena e detesta pais que tentam explicar tudo. "Uma vez, um filho falou: cala a boca, mãe, que eu tô entendendo". Texto Anterior: 'Cleopatra' de Vanessa Redgrave ataca 'fascistas' Próximo Texto: Novo vídeo desvenda arte "naif" no Brasil Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |