São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Novo vídeo desvenda arte "naif" no Brasil

MARCELO DE SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

As telas são ilustradas com imagens coloridas de festas no interior, colheitas e casinhas estilizadas encravadas nas montanhas e nas periferias das grandes cidades.
Este tipo de manifestação artística -batizada de arte "naif" (ingênua, em francês) e feita, na maioria por artistas autodidatas e com poucos recursos- é pouco valorizada pelo público brasileiro.
O marchand belga Jacques Ardie -que vive em São Paulo há 20 anos- percebeu esta falha e lança amanhã o vídeo "Arte Naif no Brasil". O vídeo dirigido por ele apresenta depoimentos de 17 pintores e imagens de 200 quadros.
É um registro no mínimo relevante sobre a arte "naif" no Brasil, considerada por Ardie a mais forte do mundo nos dias atuais.
Paralelo ao lançamento do vídeo, a Galeria Jacques Ardie (r. do Livramento, 221) sedia também, até o dia 23 de dezembro, uma exposição com obras de mais de 40 artistas brasileiros.
O primeiro artista "ingênuo" a se ter notícia foi o francês Henri Rousseau, no fim do século 19. Seus quadros com cenas suburbanas eram ridicularizadas pela elite.
No Brasil, o primeiro artista considerado "ingênuo" foi Heitor dos Prazeres, nos anos 30. Com traços simples, suas telas mostravam rodas de samba em botequins.
A partir de então, artistas espalhados pelo país começaram a retratar de maneira otimista e despojada o ambiente em que viviam.
"Em meus quadros, pinto o mundo como gostaria que ele fosse", diz a artista Rosina Backer do Valle, que pinta favelas como casinhas meigas e bucólicas.
Os estilos variam e dentro da arte "naif" é possível encontrar representantes do surrealismo (Nelson Porto), abstracionismo (José Sabóia) e do realismo fantástico (Luciano Rabelo).

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