São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Incra usa área do 'escândalo da mandioca'

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Onze fazendas envolvidas no "escândalo da mandioca" foram colocadas à disposição do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para o assentamento de trabalhadores sem terra em Pernambuco.
As propriedades pertenciam a fazendeiros que no início da década de 80 se envolveram em um golpe contra a agência do Banco do Brasil em Floresta (435 km a oeste de Recife), no sertão do Estado.
Os produtores desviaram recursos de financiamentos destinados a custear lavouras de mandioca.
O processo do escândalo, que se arrasta até hoje, provocou pelo menos uma morte, a do procurador da República em Recife, Pedro Jorge de Melo e Silva, assassinado em março de 82, quando investigava o caso.
As 11 fazendas à disposição do Incra estão em Floresta e totalizam 4.742 hectares, suficientes para assentar cerca de 230 famílias.
As propriedades foram executadas pela União como forma de ressarcir o prejuízo do governo com as fraudes. Segundo o procurador jurídico do Incra, Pedro Cordeiro, essa ação independe do processo criminal sobre o caso.
"O governo poderia leiloar as fazendas, mas, a pedido do Incra, decidiu cedê-las para fins de reforma agrária em Pernambuco", disse o procurador.
Segundo o superintendente do Incra no Estado, Roosevelt Gonçalves de Lima, 54, os projetos que definirão a infra-estrutura a ser implantada serão elaborados a partir de janeiro de 96.
Em função da localização das fazendas, situadas no semi-árido, os projetos deverão ser direcionados para a pecuária, e não à agricultura, disse o superintendente.
Os colonos, que segundo o Incra receberão terrenos de cerca de 20 hectares ainda em 96, serão selecionados na própria região "por já estarem acostumados a esse tipo de trabalho", disse Lima.
Entre os possíveis beneficiados, afirmou, estão algumas das 1.926 famílias sem terra que desde agosto ocupam a fazenda Safra, em Santa Maria da Boa Vista (653 km a oeste de Recife).
O Incra anuncia para este ano o assentamento de 900 famílias no Estado. Segundo o superintendente, o órgão pretende triplicar esse número em 1996.
A Federação da Agricultura de Pernambuco informou que não há telefone no Sindicato Rural de Floresta e que os dirigentes da entidade estadual estavam viajando.

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