São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Déficit dobra para R$ 3,7 bi em um mês

GUSTAVO PATÚ; CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O rombo das contas federais mais que dobrou em apenas um mês. Segundo dados do Banco Central, presidido por Gustavo Loyola, o déficit acumulado até setembro foi de R$ 3,704 bilhões. Até agosto, as despesas superavam as receitas em R$ 1,756 bilhão.
Somando os resultados de Estados, municípios e estatais, o setor público -que acumulava déficit de R$ 14,048 bilhões até agosto- passou a um buraco de R$ 20,976 bilhões até setembro. Embora os Estados respondam pela maior parte do número, foi o prejuízo federal que mais cresceu no mês.
É o pior desempenho das contas públicas desde o final do governo Collor -sendo que naquela época não se contava com a permissão para cortar gastos com saúde, educação e transferências a Estados e municípios obtida com o FSE (Fundo Social de Emergência).
Mais: a arrecadação de impostos federais cresceu 36,7% de 92 -último ano em que houve déficit federal- para cá. Sua média mensal cresceu de R$ 4,9 bilhões, em valores já corrigidos pela inflação, para R$ 6,7 bilhões até setembro último.
O descontrole das contas federais em 95 é explicado por dois fatores principais: 1) o crescimento da dívida interna federal gerada pela política de juros do BC; e 2) o fim do truque de atrasar despesas esperando que a inflação corroesse o valor do gasto.
A situação é pior nos Estados, municípios e empresas estatais. A equipe econômica já desistiu da meta de manter o déficit do setor público em zero neste ano, como rezam as metas do Plano Real e o Plano Plurianual do governo.
Segundo as declarações mais recentes, os economistas oficiais se contentarão com um déficit equivalente a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 95. Mas, até setembro, o déficit já acumulou 4,36% do PIB.
Estados e municípios -que, além dos problemas do governo federal, enfrentam o crescimento das despesas com salários- registram rombo de R$ 12,894 bilhões até setembro. Empresas estatais, juntas, gastaram R$ 4,378 bilhões além de suas receitas.
Dívidas
Os resultados recentes do governo federal dão a entender que a tendência até o final do ano é de crescimento do déficit. A dívida interna na forma de títulos públicos em poder do mercado financeiro subiu de R$ 98,478 bilhões, em setembro, para R$ 103,216 bilhões no mês passado.
Além disso, o Tesouro já anunciou déficit de caixa de R$ 1,38 bilhão em outubro, resultado ainda não contabilizado nas estatísticas do BC.
A dívida em títulos dos Estados e municípios subiu de R$ 35,840 bilhões, em setembro, para R$ 37,072 bilhões no mês passado. Em junho de 94, às vésperas do Plano Real, essa dívida estava em R$ 19 bilhões.

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