São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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PF vive ameaça de rebelião

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há sinais de rebelião na PF com a iminência da demissão do diretor-geral, Vicente Chelotti.
Três superintendentes estaduais nomeados (SP, MT e RR) se recusaram a tomar posse nesta semana por considerar indefinida a situação do diretor-geral.
Segundo a coordenadora de Comunicação Social da PF, Viviane da Rosa, os superintendentes nomeados -Yokio Oshiro (SP), Cláudio Rosa (MT) e Sueli Goerish (RR)- desistiram de tomar posse porque não querem correr o risco de ser exonerados caso Chelotti seja afastado.
A Folha apurou que há ameaça de que os outros 24 diretores se demitam caso Chelotti seja exonerado.
A coordenadora disse que a suspensão da posse dos novos superintendentes foi interpretada como um apoio ao diretor. Para ela, o clima no órgão é de expectativa de demissão de Chelotti.
"Será extremamente constrangedora a exoneração do diretor", disse ela. A coordenadora explicou que o constrangimento será inevitável porque Chelotti cumpriu seu dever ao enviar ao ministro Jobim o relatório sobre a escuta no telefone do embaixador com indícios de tráfico de influência.
Viviane da Rosa afirmou que Chelotti perguntou "e daí?" ao ser informado pelo ex-coordenador do CDO (Coordenadoria de Dados Operacionais), Mário José de Oliveira Santos), que a escuta telefônica envolvia um assessor da Presidência da República.
Chelotti já recebeu também o apoio de nove entidades de funcionários da PF e dos delegados das polícias estaduais.
O diretor-geral disse ontem, por intermédio de sua assessoria, que não tem mais nenhuma informação a prestar ao governo sobre a escuta telefônica na residência do embaixador Júlio César Gomes dos Santos.
O ministro da Justiça, Nelson Jobim, tinha dado ao delegado prazo até anteontem para entregar relatório a respeito da escuta.
O relatório foi considerado insuficiente pelo próprio Jobim, e novo prazo foi estabelecido, que expirou ontem. O delegado afirma que não tem mais nada a dizer.

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