São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lobistas buscam como sair das sombras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em plena crise política, provocada pelo suposto tráfico de influência no projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), a capital da República está sediando um encontro de lobistas com o objetivo de discutir as relações entre empresas e Estado.
O 1º Fórum de Lobby de Brasília, organizado pelo Conrerp (Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas) do Distrito Federal, conseguiu reunir ontem 20 lobistas de diversos setores empresariais na Academia de Tênis, a três quilômetros do Palácio do Planalto.
Um dos principais pontos discutidos por lobistas da área farmacêutica, de comunicação, tecnológica e de bebidas alcoólicas foi como fazer com que o governo passe a trabalhar a favor das empresas, mas dentro da legalidade.
A palestra inicial coube a Alexandre Barros, presidente da Early Warning, que presta consultoria política a empresas como Camargo Corrêa, Esso, Fiat, IBM e Citicorp. Ele lamentou que a palavra lobby, no Brasil, seja dita de maneira pejorativa.
"Nos Estados Unidos, o lobby não tem esse valor negativo", disse Barros, enquanto reproduzia num telão manchete do noticiário da imprensa que revelou as conversas telefônicas do diplomata Júlio César Gomes dos Santos, ex-chefe do cerimonial do Palácio do Planalto.
"Não se iludam. As pessoas que trabalham nesse ramo não gostam de ser chamadas de lobistas", afirmou.
No plenário do fórum, um representante do setor farmacêutico lembrou que "só no Brasil existe o lobby envergonhado".
A questão do financiamento de campanhas políticas e o possível comprometimento que pode ocorrer entre políticos e empresários também entraram na roda de debates dos lobistas.
"Até aonde vai isso?", perguntou alguém na platéia. "Até o limite do bom senso. Faz parte do jogo político", respondeu Barros.
Entre os convidados a dar palestras ontem estavam o jornalista Etevaldo Dias, ex-porta-voz do ex-presidente Fernando Collor, e o representante do Grupo Abril em Brasília, Luiz Edgar Tostes. O encontro termina hoje.

Texto Anterior: Eduardo Jorge assessora americanos
Próximo Texto: FHC enfrenta 'saia justa' em missa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.