São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Siemens fatura mais de US$ 1 bi no Brasil

Crescimento é de 30% em 1995

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O faturamento da Siemens do Brasil, grupo empresarial de capital alemão, ultrapassou pela primeira vez a marca de US$ 1 bilhão no exercício fiscal encerrado em setembro deste ano.
Com crescimento de 30% sobre 1994, o faturamento do grupo, que atua nos setores de equipamentos para energia elétrica, componentes eletrônicos, lâmpadas e automação industrial, atingiu US$ 1,119 bilhão.
O resultado anual foi anunciado ontem por Hermann Wever, presidente do grupo Siemens do Brasil.
Wever destacou como aspecto positivo o aumento de 26% na entrada de novos pedidos, que passaram de US$ 826 milhões para US$ 1,037 bilhão.
A Equitel, empresa do grupo na área de telecomunicações, foi a principal responsável por isso, respondendo por 41% dos novos pedidos, contra 28% no ano passado.
A Siemens teve, porém, disse Wever, de "amargar" a redução de sua lucratividade. A margem de lucro de 10% em 94 caiu para 1% neste ano.
O lucro líquido (depois do Imposto de Renda) diminuiu de US$ 86,6 milhões em 94 para US$ 10 milhões neste ano.
Wever atribuiu o lucro menor a três fatores: limitação dos reajustes nos contratos de longo prazo com o setor público, aumento de custos e sobrevalorização do real.
Mesmo com a defasagem cambial, o grupo exportou 15% mais em 95: US$ 94 milhões contra US$ 82 milhões.
Wever disse que o grupo Siemens deverá investir US$ 50 milhões em 1996 -metade no lançamento de produtos no mercado de telecomunicações.
Artificial
Wever disse que as "âncoras artificiais que o governo está usando para segurar a inflação, como a sobrevalorização do real e elevada taxa de juros, estão levando o país a perder investimentos estrangeiros".
Para ele, o abuso dessas âncoras deixa o país sem competitividade nas exportações.
Wever afirmou que o país precisa fazer as reformas constitucionais para pôr fim ao artificialismo da estabilização monetária. "O Real está na direção certa, mas o saneamento do setor público anda devagar."
Wever disse que o país está deixando de ser considerado como local atraente para os projetos de "plataformas de exportações" das multinacionais.
Ele disse que esse quadro é preocupante porque o país deveria estar competindo pelos recursos externos.
Wever disse que os países em desenvolvimento têm hoje uma "oportunidade fantástica" com o processo de redistribuição de riqueza no mundo.
Na década de 80, disse, os investimentos diretos feitos no mundo eram de US$ 50 bilhões por ano. Apenas 15% nos países em desenvolvimento (US$ 8 bilhões). Nos anos 90, o total triplicou para US$ 150 bilhões. A diferença é que a parcela dos países em desenvolvimento passou de 15% para 40%.

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