São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Clube pode ser absolvido no 'caso da fita'

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Botafogo de Ribeirão Preto deverá manter sua vaga na Série A-1, a não ser que seja comprovado que o time foi beneficiado por arbitragens no Campeonato Paulista da Série A-2.
A avaliação é do presidente do Tribunal de Justiça Desportiva da FPF, Marco Polo Del Nero.
Del Nero, que comanda o inquérito no TJD, afirmou ontem à Folha que uma eventual prova de uma ligação entre o ex-juiz Wilson Roberto Catani e o presidente do Botafogo, Laerte Alves, não é suficiente para o rebaixamento do clube.
"Se o clube não foi beneficiado, ele não tem por que ser punido."
Catani é suspeito de ter sido contratado por Alves para fraudar arbitragens em favor do Botafogo. As suspeitas se baseiam nas declarações de Catani contidas na "fita do suborno".
Na fita, Catani relata esse suposto esquema ao repórter Alexandre Reis, de Ribeirão Preto. Mas nas entrevistas posteriores, vem afirmando que mentiu a Reis. Laerte Alves negou que conheça Catani.
Del Nero afirmou que Catani não pode ser punido pela Justiça Desportiva porque não está ligado formalmente ao futebol profissional.
Ele acrescentou que o inquérito deve investigar qual das três hipóteses é verdadeira: a) Catani mentiu na fita e não houve esquema nenhum; b) Alves pagou a Catani, mas ele não teve ligações com os árbitros; c) Alves pagou a Catani, que pagou os árbitros.
Na primeira hipótese ou no caso de não haver uma conclusão, não haverá punição a ninguém. Na segunda, apenas Alves deve ser punido. Na terceira, o Botafogo e os juízes envolvidos também poderão receber punição.
Os juízes citados na fita, Marcos Fábio Spironelli e Dionísio Roberto Domingos negam que tenham sido subornados por Catani.
Del Nero afirmou ainda que se o inquérito policial não se encerrar até o início do Campeonato Paulista de 1996 (26 de janeiro), a promoção do Botafogo será praticamente irreversível.
"O nosso inquérito será feito com base nas provas colhidas pela polícia, que tem meios para fazer a investigação", argumentou.
O advogado ainda afirmou que o julgamento na esfera esportiva só poderá acontecer até meados de 1997. Segundo ele, o prazo para prescrição de um crime na esfera administrativa é de dois anos.

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