São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995 |
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Gosto de Proust na cozinha vira livro
JOSIMAR MELO
Onde: Café de la Paix, no hotel Le Méridien (av. Atlântica, 1.020, tel. 021/275-9922, Rio de Janeiro) Quando: de hoje a 2 de dezembro Menu: R$ 35,00 Livro: À Mesa com Proust Autor: Anne Borrel, com receitas de Alain Senderens e adaptação brasileira de Jean-Yves Poirey Preço: R$ 95,00 Os leitores brasileiros podem reencontrar sabores perdidos da obra do escritor francês Marcel Proust (1871-1922), com o lançamento em português do livro "À Mesa com Proust" (editora Salamandra). O texto, que comenta citações da obra do escritor em que há referências gastronômicas (e elas são incontáveis), é de Anne Borrel, que dirige na França a Sociedade dos Amigos de Marcel Proust. As 60 receitas, que reconstituem pratos mencionados nos livros de Proust -como as famosas carolinas que, embebidas em chá de tília, deflagram as recordações de "Em Busca do Tempo Perdido"- foram elaboradas pelo chef Alain Senderens, do restaurante Lucas-Carlon, um dos cinco melhores de Paris (segundo o guia "Michelin"). As belas fotos, que reproduzem imagens de época e alguns dos pratos, são de Jean-Bernard Naudin, o mesmo que ilustrou os ambientes de Givenchy no livro "À Mesa com Monet" (também editado no Brasil). O livro é um delicioso mergulho no exercício realizado por Proust de recuperar o tempo através da memória, selecionando o viés da comida como condutor nessa viagem. A garimpagem da autora não deve ter sido difícil, pois Proust -um gourmet atormentado pela saúde frágil e pela impossibilidade de se entregar aos prazeres da mesa- recheia sua obra com citações gastronômicas. A comida e a bebida são importantes fios condutores em que ele se agarra para tecer novamente a malha do tempo. Para os gourmets é divertido encontrar, de forma concentrada, as ricas referências aos pratos, aos ingredientes, às receitas, ao serviço da comida e aos vinhos entre a aristocracia e a burguesia francesas da passagem do século. Detalhista como era, Proust não apenas menciona a comida, mas a comenta, e chega a ensaiar observações dignas de um feroz crítico gastronômico, como a passagem sobre o peixe ao molho branco preparado por certos chefs (leia trecho e receita nesta página). Se as citações já seriam saborosas em seu contexto original, o livro traz um deleite especial para os gourmets: a versão de pratos clássicos franceses reescrita por Alain Senderens -um chef polêmico, reconhecidamente um intelectual da cozinha. Na edição brasileira de "À Mesa com Proust", as receitas foram adaptadas por Jean-Yves Poirey, chef do hotel Méridien do Rio de Janeiro, em cujo Café de la Paix começa hoje um festival com pratos do livro, como carpa ao molho de cerveja e perna de cordeiro com molho béarnaise. Texto Anterior: Durante a recepção, o caos toma os bastidores Próximo Texto: VALE DO PARAÍBA; JAPÃO; LIVROS; CAMARÃO Índice |
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