São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Síndrome do holofote

É por vezes tênue o limite entre o bom rigor e a prepotência. A suspensão da nomeação da filha do presidente Fernando Henrique Cardoso Luciana Cardoso para o gabinete da Secretaria Geral da Presidência é um desses casos em que o zelo sucumbe ao excesso -se não a posturas ainda menos nobres.
O nepotismo certamente está entre as muitas práticas deploráveis da política nacional e atinge todas as esferas dos poderes constituídos. Há apenas duas semanas que veio a público o escândalo envolvendo o ex-presidente do TRT da Paraíba. O juiz Severino Marcondes Meira foi acusado de ter 62 parentes contratados pelo tribunal e admitiu ter ele mesmo nomeado 25 familiares, entre os quais mulher e 4 filhos.
Não parece razoável, entretanto, igualar a nomeação de Luciana Cardoso a esse tipo de caso acintoso. Afinal, é natural que o presidente procure ter pessoas de sua mais estrita confiança para secretariá-lo.
A afirmação de que a nomeação "colide com a moralidade administrativa" -no fundo um juízo de valor sobre a moralidade do presidente da República-, ademais, sugere que, mais uma vez, uma autoridade pública parece sucumbir à síndrome do holofote e sai em busca de seus 15 minutos de glória.

Texto Anterior: Empoçamento
Próximo Texto: Quem era o alvo?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.