São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Casal e 3 filhos moram em 16m² sem banheiro

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O casal Raimundo Nonato Bacelar, 35, e Rosidalva Nardes, 30, sintetiza quem são e como vivem os moradores de Lajeado.
Num barraco de 16m2, na favela do Jardim Lourdes, com uma meia parede dividindo o local em dois cômodos, moram o casal e seus três filhos.
A família aguarda a chegada da mãe e de duas irmãs de Rosidalva. "Vai ficar todo mundo junto", afirma Rosidalva.
A casa não tem banheiro. Nonato está construindo um pequeno cômodo nos fundos. "Vamos colocar um vaso (sanitário) lá", diz Nonato.
Como não existe rede de esgoto, ele pretende improvisar uma ligação com o córrego que passa em frente ao barraco.
Em 8 de novembro, quando a Folha esteve pela primeira vez em Lajeado, fazia um calor de 33,4 ºC, o dia mais quente do ano desde fevereiro.
Nonato tomava banho no quintal. Seu terreno tem apenas uma torneira de água.
A família planejava fazer uma ligação até dentro do barraco, onde Nonato colocou um chuveiro que não recebe água. Mas agora pensa em ampliar o futuro cômodo dos fundos para mudar o chuveiro de lugar.
Se o chuveiro ficar onde está, Rosidalva vai colocar uma cortina de plástico, para a água não se espalhar pela casa.
Nonato está desempregado. Chegou a ganhar R$ 500,00 por mês como vigia noturno. Atualmente, vive de bicos. "Dá para colocar comida dentro de casa."
Depois de perder o emprego, participou, com cerca de 500 famílias, da invasão da área onde se localiza a favela de Lourdes.
No interior do barraco, ainda em construção, há dois colchões, sacos de cimento e tábuas. O chão é de puro cimento. As janelas não têm vidro.
Rosidalva nasceu em Itambé (BA). Conta que tinha casa própria e que a vida era boa, cheia de festas e conversas na praça.
Perguntada sobre a razão que a trouxe a São Paulo, onde mora há quatro anos, responde: "Essa coisa de nordestino, essa coisa de querer melhorar de vida".
(KA)

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