São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Moradores tentam tombar área verde

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

As chácaras, últimas remanescentes de áreas verdes na região de Lajeado, estão desaparecendo. A expansão imobiliária desordenada é a marca urbanística do distrito na zona leste.
A Chácara das Flores, que pertencia à família Luchiari, foi vendida para a empresa Jalico.
Árvores estão sendo derrubadas e o terreno, de 111 mil m2, é preparado para ser dividido em lotes de 125 m2.
Adalberto Ângelo Custódio, morador de Lajeado, conta que o Movimento de Moradia da Zona Leste mantinha um diálogo com o antigo proprietário do local, José Luchiari, para transformar a chácara em um parque.
"É um lugar muito bonito, que podia ser usado por toda a comunidade."
Segundo Custódio, depois da morte de Luchiari, em 1993, acabou a conversação entre o movimento e a família. "A viúva passou a viver meio reclusa no local", diz Custódio.
Em 1990, moradores de Lajeado pediram, sem sucesso, o tombamento da área ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Custódio buscará a ajuda de entidades ecológicas para tentar impedir a derrubada das árvores e iniciar uma nova campanha pelo tombamento da chácara.
Nos anos 40 e 50, Lajeado era zona rural de São Paulo. Como a estrada para o litoral norte passava por lá, muitas famílias paulistanas tinham chácaras na região.
Com o crescimento da cidade e a deterioração da qualidade de vida na periferia, elas praticamente não existem mais.
A violência assusta os poucos donos de chácaras que ainda permanecem no distrito.
A mata da Chácara das Flores, por exemplo, é usada para desova dos corpos de pessoas mortas em conflito de quadrilhas de droga e de ladrões.
(KA)

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