São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Fundo de US$ 2,5 bi estimulou fusões

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

Uma das ferramentas usadas pelo ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, para reformar o sistema bancário foi o chamado Fundo Fiduciário, alimentado por US$ 2,5 bilhões.
Criado por meio de um decreto do Poder Executivo no último dia 28 de março, esse fundo tinha como objetivo proporcionar empréstimos com condições mais favoráveis do que as de mercado aos bancos que apresentassem propostas de fusões e aquisições.
Na verdade, ele garantiu a liquidez às instituições que adquiriam outras justamente na pior fase da crise financeira argentina.
Entre dezembro de 1994 e março de 1995, cerca de US$ 8 bilhões em depósitos saíram do sistema financeiro argentino. Isso equivalia a 17,8% do total existente nos bancos.
Fontes do Banco da Nação Argentina estimam que de 10 a 12 dos atuais bancos obtiveram linhas de crédito desse fundo. No total, foram destinados US$ 40 milhões.
O Fundo Fiduciário foi composto pelos US$ 2 bilhões que o governo argentino obteve com o lançamento no mercado financeiro do Bônus Argentina 1998.
O Banco Mundial também injetou US$ 500 milhões na forma de empréstimo, com prazo de dez anos e taxa variável de juros -em média de 8% ao ano.
O fundo é administrado por um comitê com um representante do Banco Central, dois do Ministério da Economia e outros dois do setor privado.
Esse mesmo comitê é o responsável por avaliar cada projeto apresentado e por outorgar os empréstimos. Existem, basicamente, duas linhas de crédito distintas.
A primeira é mantida com o dinheiro obtido por meio dos Bônus Argentina, que vencem em 1998. Por isso, são fornecidos créditos de curto prazo -três anos no máximo- para a recuperação da liquidez dos bancos que passam por processos de fusão.
Os juros, neste caso, seguem a taxa libor com a adição de quatro pontos percentuais.
A outra linha de crédito, com prazos de cinco a sete anos, é destinada aos bancos que precisam reforçar suas estruturas patrimoniais.
Esse empréstimo provém do aporte do Banco Mundial e seus juros são, no mínimo, um ponto superiores aos que esse organismo fixa para o empréstimo de US$ 500 milhões concedido.
Embora as taxas de juros sejam menores que as de mercado, a maior vantagem oferecida pelo fundo está na extensão dos prazos de vencimento dos empréstimos.
O Fundo Fiduciário tem prazo máximo de existência de dois anos. Conforme o decreto que o originou, pode ser extinto antes -caso o governo dê por concluída a reforma bancária do país.

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