São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Pequenos criam uma rede de solidariedade

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

A crise bancária dividiu o mercado financeiro em castas.
Os bancos pequenos foram forçados a criar uma rede de solidariedade entre si, para evitar quebras em sequência.
Isso porque as médias e grandes instituições só repassam dinheiro, quando repassam, para outras de perfil assemelhado.
A maioria dos bancos líquidos ainda evita o interbancário e procura lastrear as sobras de caixa em títulos públicos.
O aumento da demanda fez cair a taxa dos BBCs leiloados na semana passada pelo Banco Central.
A taxa média dos papéis de 56 dias ficou em 3,75%, abaixo dos 3,99% do leilão anterior e dos 3,80% projetados pelo DI futuro para igual período.
Já os pequenos, quando não conseguem dinheiro da CEF (Caixa Econômica Federal) e do BB (Banco do Brasil), tentam escapar do redesconto do Banco Central apelando para instituições do mesmo porte.
A estratégia vem dando certo. O relacionamento pessoal entre os donos desses pequenos bancos -boa parte deles com origem em corretoras e distribuidoras de valores- conta muito e está ajudando a evitar uma quebradeira generalizada nesse segmento do mercado financeiro.
Isso é possível porque nem todos os pequenos estão com problemas de caixa.
Conseguiram isso reduzindo drasticamente a carteira de crédito há meses, antes que os níveis de inadimplência (atraso no pagamento de dívidas) ficassem insuportáveis, e foram extremamente ágeis na renegociação dos eventuais débitos em atraso.
Em nome da preservação de seus pares, esses bancos separam de 20% a 30% do caixa para socorrer as instituições pequenas, rejeitadas pelas maiores.
Mas não deixam de ser banqueiros: cobram caro pelo risco, geralmente 0,20 ponto acima do cobrado no repasse entre os grandes.

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