São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Campanhas de fim-de-ano puxam ganhos das agências

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Passadas as turbulências de agosto a outubro, as agências de publicidade estão se preparando para fechar o ano em grande estilo, com clientes ativos, disputas por espaços nas mídias e previsões de crescer até 30% em relação ao faturamento do ano passado.
"O Natal será bom para a agência. Temos muitos clientes com produtos típicos de verão, que estão colocando suas campanhas na mídia", diz Roberto Duailibi, sócio da DPZ.
São diversas as explicações para a volta dos anunciantes, após a retração das verbas no início do segundo semestre. Até o mês passado, o movimento publicitário registrava queda de até 30% em relação ao previsto, o que obrigou diversas agências a demitirem funcionários e cortarem custos.
A primeira explicação, afirma Duailibi, é que os fabricantes de produtos de consumo (alimentos, bebidas, bronzeadores etc.) precisam estar na mídia para garantir as vendas de final de ano.
Nos seus cálculos, o faturamento de dezembro da DPZ pode superar em até 5% o registrado no mesmo mês de 94.
Washington Olivetto, da W/Brasil, lembra que dezembro é o mês de grande expectativa de consumo. "As melhores vendas são feitas no mês, o que leva as empresas a anunciarem, até para não perder espaço para os concorrentes."
Segundo ele, a disputa por espaço em rádio e televisão é explicada pelo crescimento do mercado. "O Brasil é um país muito grande, e qualquer crescimento da economia significa problemas de espaço na mídia", diz Olivetto.
Outro fator de crescimento do faturamento publicitário, diz Ivan Pinto, presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), é que muitas agências investiram na prospecção de novos clientes, que agora estão indo para a mídia.
Oscar Colucci, presidente da Colucci Propaganda, explica a previsão de faturar US$ 40 milhões (em 94, foram US$ 26 milhões) pela chegada de clientes.
"Foi um ano atípico, no qual ganhamos contas novas. Mas agora, a situação está confusa, pois não sabemos como as empresas vão agir no início do ano", diz Colucci.
Mas para crescer, as agências passaram por algumas reformulações. Antônio Fadiga, presidente da Young & Rubicam, conta que o aumento de faturamento foi acompanhado por uma redução na rentabilidade.
"O faturamento cresceu, as empresas estão anunciando e as agências estão ganhando menos, pois trabalham com rentabilidade menor", diz Fadiga.
Outra mudança, diz João Muniz, sócio da recém-inaugurada Lowe Loducca, é a estrutura das agências. A Loducca começou a funcionar com um novo modelo, sem divisões de equipes de trabalho. "O resultado é que alcançamos, em quatro meses, o objetivo de venda previsto para 12 meses", diz Muniz.
Fábio Fernandes, da F/Nazca, Saatchi & Saatchi, outra agência inaugurada já nos tempos de Plano Real, afirma que seus todos os seus clientes estão ativos neste final de ano. "O resultado é que vamos conseguir faturar US$ 46 milhões neste ano", diz.

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