São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Orzabal aposta na latinidade

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

"A atmosfera britânica me entedia." Roland Orzabal, vocalista e mentor do Tears for Fears apostou na latinidade para espantar a morosidade da vida londrina.
Acaba de lançar "Raoul and the Kings of Spain", pela Sony, com temáticas ibéricas, melodias flamencas e algumas citações em espanhol. No Brasil, o disco já vendeu 60 mil cópias.
O álbum é menos instintivo e enérgico do que seus trabalhos anteriores. "Estou mais meditativo, e o disco reflete um pouco das minhas últimas experiências pessoais", disse ele, em entrevista a Folha, por telefone, de Miami.
"Raoul" conta histórias da vida de Orzabal, que se chamou Raoul por duas semanas até que a mãe mudou seu nome para Roland.
A temática ibérica foi escolhida por causa da tradição de lutas. "Existe um romantismo enorme na fúria espanhola, por isso ela é fonte de uma literatura e de uma música apaixonadas."
Algumas músicas que mesclam sonoridades castelhanas com ritmos pop fazem do disco um espaço onde Orzabal transita livremente como multi-instrumentista.
Além de cantar e compor as letras, ele toca guitarra e teclados, produz e trabalha os arranjos. "Estou me apaixonando pela variações latinas de percussão, acho até que explorei-as pouco no disco."
O Tears for Fears foi criado em 82 na Inglaterra por Orzabal e Curt Smith. Do disco "Songs of the Big Chair" saíram alguns hits como "Everybody Wants to Rule the World" e "Shout".
Estiveram no Brasil em 88, no Hollywood Rock. "Achei sensacional, quanto mais viajo mais me chateio com Londres."
A diáspora aconteceu em 90, Orzabal e Smith se separaram, mas o nome ficou com ele. "Não sei dizer se brigamos, no fim aconteceu o que era justo."
Depois do baque, seguiu-se uma época de improdutividade. "Demorei a encontrar um caminho, sofri um abalo sério com a cisão."
O primeiro álbum com a nova banda (Jebin Bruni, Gail Ann Dorsey, Alan Griffiths, Brian McLeod e Jeffrey Trot), "Elemental", vendeu quase 2 milhões de cópias. O disco era essencialmente pop, abusando dos efeitos tecnológicos.
Mais voltado aos estados da alma e à religião, Orzabal investiu no romantismo e na sensibilidade no novo trabalho.

Lançamento: Raoul and the Kings of Spain
Preço: R$ 20 (o CD, em média)

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