São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Crise econômica e censura derrubam número de filmes no Terceiro Mundo

LEON CAKOFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na América Latina o cinema agoniza. Contam-se nos dedos de uma só mão as novidades anuais da Argentina, Brasil, Peru, Bolívia, Chile, Venezuela, Colômbia e Cuba. A crise econômica arrasta agora o México para a vala comum dos deserdados de memória cinematográfica.
Quanto à China, ela só enxerga o sombrio mês de julho de 1997, quando Hong Kong voltará a fazer parte de seu território. A previsão é de que a produção herdeira da arte de Bruce Lee, responsável por uma média de 170 filmes por ano, migre de Hong Kong para Taiwan.
Um fato isolado é o que afeta a elite cinematográfica do Irã, país que, apesar das duras regras impostas pelos seus fundamentalistas religiosos, revelou talentos como Abbas Kiarostami e Mohsen Makhmalbaf. Perto de 80 filmes anuais são feitos depois de passarem por três etapas de censura religiosa. Mesmo assim, "O Balão Branco", o mais recente sucesso do cinema iraniano, mostra como uma boa dose de talento pode superar problemas desta ordem.
É também graças do terror moralista da censura de boa parte da Ásia e do Oriente Médio que o eterno público dos cinemas debanda para as parabólicas e TV a cabo. Na Índia, o maior produtor mundial com cerca de mil filmes anuais e a astronômica cifra de 30 milhões de espectadores/dia, a censura continua impedindo beijos na tela.
O Egito, outro centro produtor que teve seus anos dourados e foi a segunda fonte de divisas nos anos 50, tem uma censura que asfixia até a morte o seu cinema. O que sobrou dos seus velhos palácios de exibição é hoje uma temeridade.

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