São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Cinemateca Brasileira recebe ajuda de empresas para manter seu acervo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia que geralmente se faz da Cinemateca Brasileira é a de um tosco depósito com milhares de latas empilhadas, à espera de verbas do governo e na torcida para que nenhum acidente comprometa 90 anos de memória cinematográfica.
Não é mais bem assim. A cinemateca é um órgão oficial desde 1984 (está ligada ao Ministério da Cultura), precisa de mais dinheiro do que recebe, mas ao mesmo tempo também possui uma idéia agressiva do que deva ser uma parceria de financiamento com a iniciativa privada.
Um exemplo: para abrigar a maior parte das 150 mil latas de seu acervo num depósito climatizado, que retarde ao máximo o envelhecimento das bobinas, vem sendo fechado um convênio com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) pelo qual a própria entidade subscreveu cotas de doação e vem mobilizando seus associados a fazerem o mesmo.
Uma outra meta, diz a diretora-executiva da Cinemateca, Tânia Savietto, é a de captar pelas leis Rouanet e Mendonça algo em torno de R$ 4 milhões ao ano para concluir as instalações no bairro paulistano de Vila Mariana e prosseguir na restauração das obras que correm maior perigo de se perderem para sempre.
Uma nova cópia de um longa metragem em preto e branco custa em torno de R$ 3.500. O trabalho de restauração do mesmo filme, dependendo de seu grau de deterioração, fica entre R$ 10 mil e R$ 30 mil.
Savietto diz que por uma estimativa grosseira a Cinemateca possui 80% do que o cinema brasileiro produziu em termos de longa-metragem de ficção. Essa parcela do acervo totaliza dois terços dos cerca de 50 mil títulos, dos quais 40 mil já estão catalogados por computador, num processo iniciado há dez anos.
Há ainda 1,2 milhão de documentos e pérolas como 200 mil pequenos rolos que contêm reportagens do departamento de telejornalismo da extinta TV Tupi. Um décimo dessa parcela do acervo, compreendendo o período 1960-1964, foi catalogado e restaurada por meio de um convênio com a Fundação Vitae, uma entidade estrangeira.
Em suma a impressão que hoje prevalece entre os documentalistas é a de que a Cinemateca está no bom caminho.
(JBN)

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