São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Governo afrouxa as restrições ao crédito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo adotou ontem quatro medidas para reduzir as restrições ao crédito. O prazo das compras através de crediário com recursos bancários foi ampliado de três para seis meses. As compras com cartão de crédito poderão ser parceladas a partir de hoje e o compulsório sobre operações de crédito foi zerado.
Outra medida permite a formação de novos grupos de consórcios para compra de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, proibidos desde outubro de 94. As medidas foram aprovadas na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) e anunciadas pelo presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola.
A equipe econômica resolveu flexibilizar as restrições ao crédito adotadas no primeiro semestre porque houve um queda na estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Além disso, as medidas contribuíram para aumentar o nível de desemprego no país -principalmente na indústria.
"As medidas fazem parte da política gradual de aliviar as restrições ao crédito", disse Loyola. Segundo ele, as medidas devem provocar uma queda na taxa de juros. "O que nos preocupava antes era a possibilidade da produção não atender o aumento da demanda (procura)", afirmou ele.
Loyola disse que o governo já espera um aumento de consumo no final de ano, como tradicionalmente aconteceu em anos anteriores. "Esse aumento deve ser perfeitamente atendido pela oferta", afirmou. Segundo ele, a atividade econômica vem caindo desde março dentro de "uma trajetória desejável".
Os integrantes da equipe econômica não admitem publicamente, mas já há avaliações internas mostrando que o governo exagerou nas medidas de restrição ao crédito. O aumento no nível de desemprego hoje, por exemplo, foi provocado mais por essas medidas do que pela modernização tecnológica das empresas.
Os empresários também pressionaram por redução nas restrições ao crédito. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, chegou a entregar um documento na última terça-feira ao ministro José Serra (Planejamento).
O parcelamento das compras por cartão de crédito pode ser feita a partir de hoje. É uma medida facultativa e as administradoras poderão adotá-la ou não. O refinanciamento poderá ser feito uma única vez para cada saldo.
A redução do compulsório sobre operações de crédito de 5% para zero vai permitir a liberação de R$ 1,4 bilhão depositado no BC. A liberação será feita somente em 5 de janeiro, disse Loyola.
Ainda de acordo com o presidente do BC, a participação dos consórcios nas vendas de eletroeletrônicos caiu de 6% -em outubro de 94 -para 3% hoje.
O CMN também aprovou novas regras para beneficiar o Proex, o programa oficial de financiamento às exportações. Foi ampliado de 85% para 100% do valor total de uma exportação a cobertura do programa.

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