São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Tlaxcala guarda os restos da colonização

MAURO ZAFALON
DO MÉXICO

A apenas 115 km da Cidade do México um Estado reúne história pré-hispânica, arqueologia e arte colonial. Aos que após um roteiro por este passado desejarem descansar, a opção pode ser um retiro em pequenos hotéis nas montanhas ao norte do Estado.
Seu nome: Tlaxcala. É o menor Estado do México, ocupando apenas 0,2% da área territorial do país. A palavra tem origem na língua indígena e remonta ao que há de mais antigo na alimentação dos primeiros povos da região: pão de milho.
Os 44 municípios que compõem Tlaxcala estão espalhados pelos vales do Estado, sempre circundados por elevadas montanhas e vulcões. Um deles, o Malinche, está entre os maiores do país e tem 4.640 metros de altura.
Em Tlaxcala tudo está perto e o melhor meio de se percorrer o Estado é de carro. As cidades são muito próximas umas das outras e entre elas, invariavelmente, predominam a cultura do milho e a criação de gado. Neste período do ano, as beiras de estradas são um canteiro contínuo de flores campestres de várias tonalidades.
A capital leva o mesmo nome do Estado e foi fundada em 1525 por Hernan Cortês. Os franciscanos chegaram dois anos depois e começaram a erguer as primeiras igrejas, hoje um espelho da cultura e da arquitetura da época.
Todos os caminhos levam a uma igreja no México. Costuma-se dizer que 95% da população são católicos, enquanto outros 5% são padres. Nas igrejas, no entanto, se encontram as marcas mais fortes da colonização espanhola da região. Restam poucos edifícios civis dos séculos 15 e 16.
As construções misturam o barroco da época com algumas técnicas já utilizadas pelos povos da região. Uma das mais imponentes, a basílica de Nossa Senhora de Ocotlán, foi iniciada em 1670 e tem estilo barroco tlaxteca.
Um dos decoradores era indígena. O destaque é o acabamento interno, em madeira estofada com detalhes em ouro.
Os apreciadores da arte sacra terão à disposição 50 templos e 150 capelas para percorrer apenas no Estado de Tlaxcala. Cada templo tem sua história, em geral ligada à aparição de um dos santos venerados pelos católicos a um dos habitantes locais.
Tlaxcala ainda tem algumas construções civis do início da colonização. Uma delas são os portais da praça da Constituição, no centro da cidade. Construídos em 1550, eram importante mercado de produtos vindos da Espanha e das Filipinas.
A presença humana no vale de Tlaxcala remonta a 12 mil anos antes de Cristo. Pinturas rupestres indicam que a região era habitada por povos nômades que dependiam exclusivamente da natureza.
O Estado de Tlaxcala foi importante na colonização do México. De Totolac, cidade próxima à capital, partiram as primeiras 400 famílias em direção ao norte do país em 1591. Ruínas mostram hoje o que foi a base destas famílias.
O Estado de Tlaxcala tem 600 mil habitantes e a capital, 80 mil. As cidades estão preparadas para os turistas, oferecendo desde hotéis cinco estrelas até acomodações mais simples.
Cada hotel tem uma peculiaridade, uma vez que são em sua maioria propriedades do Estado, entregues à rede privada para administração. Foram construídos a partir de mosteiros, casas de fazenda ou construções antigas da cidade.
Uma obra que não pode deixar de ser vista são as pinturas do palácio do governo de Tlaxcala. Iniciada em 1957 por Desiderio Hernandez Xochitiotzin, a pintura se estende por todo o palácio do governo estadual. Ainda inacabada, a obra tem 362 metros quadrados. Xochitiotzin retrata em cores vivas a sociedade civil, militar e religiosa desde os tempos pré-hispânicos.
Museus
A história pré-hispânica e colonial do México pode ser vista em museus espalhados pelas principais cidades da região. Como o de Artes e Tradições de Tlaxcala.
O museu mostra peças anteriores à chegada dos espanhóis, feitas em madeira, pedras, vasos e metais, como todos os demais da região. O diferencial é a maneira de apresentar as tradições locais.
Pessoas escolhidas entre a população e que viveram as tradições mais fortes da região, mostram o antigo meio de vida dos habitantes de Tlaxcala.
Tlaxcala tem ainda o Museu Regional, o primeiro da cidade, inaugurado no início do século em um convento franciscano. Mostra a história pré-hispânica, colonial e o período revolucionário.
Em Huamantla, a 45 km de Tlaxcala, está o museu Taurino. É uma amostra de tudo que se refere a este esporte, desde as principais praças onde se realizam as touradas até as ricas vestimentas utilizadas pelos toureiros.
A parte mais impressionante, no entanto, são as fotos de quando a vitória ficou com o touro.

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