São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Projetos causam danos ao ambiente marinho

GRAZIELA GUIDUGLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE MÔNACO

Os problemas ambientais suscitados por uma cidade marinha não diferem substancialmente dos de uma cidade normal.
"Uma cidade marinha pode até mesmo apresentar vantagens no que se refere à gestão ambiental, graças às inovações do ponto de vista do planejamento urbano", disse Jon Wonham do Departamento de Meio Ambiente da Organização Marítima Internacional.
Uma cidade marinha é sempre dependente de um apoio terrestre. Ilha ou península, longe ou perto do continente, é uma espécie de grande navio de cruzeiros.
A maior ou menor autonomia em relação a água, combustível, tratamento do lixo depende de infra-estrutura. A autonomia implica também o estudo de estratégias de redução da massa e do risco ambiental dos dejetos.
A construção da cidade marinha ou de qualquer tipo estrutura provoca consequências irreversíveis, especialmente se o projeto está entre 0 e 60 metros de profundidade, região onde vive uma rica biodiversidade marinha.
"A urbanização costeira polui o litoral: dejetos diminuem a transparência da água, impedindo a entrada da luz e dificultando o desenvolvimento da vida submarina", afirma o biólogo Jerome Blachier.
Segundo Etienne Clamagirand, autor do projeto "Maena", complexo submarino que inclui museu e restaurante, uma ocupação turística que proporcione um conhecimento do ambiente marinho pode ajudar a resolver a equação "exploração e preservação do litoral.
Mas são as construções sobre o mar que provocam uma destruição irreversível do fundo marinho. "Quando urbanizamos o litoral, destruímos para sempre o que existe", diz Meinez, da Universidade de Nice-Sophia Antipolis.
Assim, é difícil imaginar as vantagens ecológicas proclamadas pelos defensores do projeto do Corredor de Osaka (Japão), estrutura "off-shore" que ligará, através de um túnel de vários andares, nove ilhas artificiais.
(GG)

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