São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995 |
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Israel mantém controle sobre passaportes
HELIO GUROVITZ
É na hora de viajar ao exterior que fica evidente para os palestinos o Estado que é soberano na região. Quem concede passaportes e documentos de viagem é o governo israelense. O palestino Khalil al Muhammad, motorista de táxi, diz estar prestes a receber seu terceiro passaporte. "Tenho um jordaniano, um israelense e agora vou conseguir um palestino." Natural do setor oriental de Jerusalém, Muhammad faz parte de um grupo de palestinos que pôde optar pela cidadania israelense. Com a anexação do leste da cidade, tomado em 1967, Israel concedeu direitos políticos e cidadania aos habitantes árabes da área. Como Muhammad já tinha cidadania jordaniana antes de 1967, ficou com as duas. "Posso votar e viajar com o passaporte de Israel. Apenas não servi o Exército, porque não quis", afirma. Entusiasta do processo de paz, ele diz que o movimento de turistas em Jerusalém aumentou muito após os acordos entre Israel e OLP. "Sem turismo, Jerusalém pára, afirma o palestino. Mas a situação de Muhammad é privilegiada. Seu xará Khalil Tufakdji, da Sociedade de Estudos Árabes, só tem o passaporte jordaniano. "Não quis a cidadania israelense", afirma. Como a maioria dos palestinos de Jerusalém oriental, Tufakdji não reconhece a soberania de Israel sobre a porção leste anexada. Já os Palestinos que nasceram depois de 1967 em territórios ocupados, e não anexados, por Israel não têm nenhum passaporte. Para viajar, são obrigados a solicitar ao governo israelense um "laissez-passer" (nome em francês pelo qual é conhecido um documento de passagem por controles fronteiriços e alfandegários). "Nem sempre Israel nos dá o documento. Para quem vem da Cisjordânia, ele só vale para uma viagem, ou no máximo por um ano", diz uma funcionária palestina do Ipcri (Instituto Israel-Palestina para Pesquisa e Informação). Mas os palestinos da faixa de Gaza, que gozam de autonomia política, já têm passaporte próprio. Com ele, podem cruzar a fronteira de Gaza com o Egito e, de lá, viajar para países que reconhecem o documento da Autoridade Nacional Palestina sem passar por controles israelenses. Texto Anterior: História da cidade começa com lenda bíblica Próximo Texto: Festividades já começaram Índice |
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