São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Judeus não crêem em devolução

HELIO GUROVITZ
DO ENVIADO ESPECIAL

Os moradores judeus de Jerusalém oriental não parecem muito preocupados com a possibilidade de passar para domínio palestino.
"O governo israelense jamais vai ceder este território. Foi unificado e vai continuar unificado como capital de Israel", disse à Folha um morador de Pisgat Zeev, bairro judaico erguido depois de 1967 em Jerusalém oriental.
O bairro abriga famílias de classe média, na maioria laicas. Prova da segurança dos moradores é o preço da moradia. Um apartamento com cerca de 130 m² valorizou de US$ 190 mil para até US$ 300 mil em pouco mais de um ano.
Mas nem todos os judeus de Jerusalém oriental se sentem tão seguros. No último mês de agosto, dois judeus do lado oriental do bairro de Talpiot foram esfaqueados. Um deles morreu.
Ataques a pedradas e facadas eram comuns na época da intifada, a rebelião palestina contra Israel que começou em 1987 e praticamente terminou com o aperto de mão entre o palestino Iasser Arafat e o israelense Yitzhak Rabin.
A intifada também foi a maior responsável pela derrota em 1993 de Teddy Kollek, prefeito de Jerusalém por 28 anos, em mais uma tentativa de reeleição.
Kollek, do Partido Trabalhista, foi o maior responsável pelos programas de construção e expansão de judaica em Jerusalém oriental.
Considerado liberal, ele defendia a integração com os palestinos, mas sob soberania israelense.
O prefeito atual, Ehud Olmert, do Likud (oposição), foi eleito graças a uma aliança com judeus religiosos (haredim), a maioria contrários ao processo de paz.
Pesquisa mostra que, da população judaica com menos de dez anos, 52% são haredim. No futuro, o fundamentalismo judaico pode mudar o rosto cosmopolita de Jerusalém.
(HGz)

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