São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Aliados querem presidente fora do caso

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Aliados de Fernando Henrique Cardoso no Congresso acham que o presidente está sofrendo desgaste político desnecessário ao defender a manutenção do contrato da empresa norte-americana Raytheon com o projeto Sivam.
Para eles, o comportamento adotado até agora por FHC tem prejudicado o processo. A conduta correta do presidente, segundo seus aliados, seria deixar que a Aeronáutica defendesse o contrato.
Sugerem uma conduta de magistrado, na qual Fernando Henrique julgaria no final. Nesse caso, teria melhores condições de anular o contrato, caso a argumentação da Aeronáutica não venha a ser convincente.
Esses mesmos líderes não temem as resistências dos militares pela manutenção do acordo com a Raytheon. Dizem que, se houver mesmo irregularidades graves, não há pressão militar que resista.
Para eles, os tropeços de FHC com o Sivam surgiram desde o início do caso. Um deles foi a demissão do ministro Mauro Gandra, da Aeronáutica. Perguntam: se FHC queria manter o contrato, por que demitiu seu ministro?
Ao demitir Gandra, segundo seus aliados, FHC lançou sérias suspeitas sobre o contrato. Para surpresa deles, passou em seguida a defender sua manutenção.
Os correligionários de Fernando Henrique participaram ontem da inauguração da Centro Tecnológico Gráfico-Folha. A maioria deles acredita que o presidente vai enfrentar dificuldades políticas para manter o contrato.
Para eles, a parcela da opinião pública que está acompanhando a discussão do Sivam vê com muita restrição o contrato com a Raytheon. Esse clima de desconfiança acaba se refletindo no Congresso.
Para que o contrato seja mantido, segundo os amigos de FHC, a Aeronáutica terá de reverter o clima de desconfiança com a apresentação de argumentos técnicos que satisfaçam a opinião pública.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que a decisão final cabe ao presidente. O senador evitou se manifestar sobre o Sivam, mas disse ser favorável ao projeto de "monitoramento" da Amazônia.
Para Sarney, há grande interesse internacional por esse projeto, especialmente por causa do controle ambiental da região. "O Brasil tem um compromisso com a comunidade internacional. Se não tomar uma boa decisão, não tenho dúvida de que vamos sofrer grande pressão internacional."

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