São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Santos e Botafogo revivem época de ouro

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Santos x Fluminense, Cruzeiro x Botafogo. É temerário fazer qualquer prognóstico sobre a fase decisiva do Brasileiro.
Se a lógica vale alguma coisa, Santos e Botafogo são os favoritos para ir à final. Não só porque são os times que somaram mais pontos ao longo do campeonato, mas também porque embalaram no segundo turno, sobretudo em sua reta final.
Já classificados desde o primeiro turno, Cruzeiro e Fluminense deram a tradicional e inevitável relaxada. Retomar o ritmo e a pegada competitiva talvez seja um problema para eles agora.
A campanha do Santos surpreendeu muita gente, incluindo seu próprio técnico, o competente Cabralzinho. O time veio "comendo pelas bordas", como disse o treinador, e chegou lá. Anteontem chegou a dar um susto na torcida, parecia prestes a morrer na praia, mas venceu e, mesmo com alguns desfalques, vai com tudo para a próxima fase.
Mais surpreendente que a classificação do Santos foi a má campanha dos outros grandes paulistas. São Paulo e Portuguesa caíram fora logo, Palmeiras e Corinthians sobreviveram um pouco mais -mas foi muito pouco para o futebol que se gabava de ser o melhor do país.
Tenho uma teoria para esse fraco desempenho: os times paulistas foram estragados pelo campeonato estadual deste ano. Um campeonato com muitos jogos sem importância, como foi o Paulista-95, não só cansa os jogadores, como também os desmotiva e os acostuma mal.
Para os times grandes, a primeira fase do Paulista foi, a rigor, inútil. Veja-se o caso da Portuguesa: campeã do primeiro turno com todos os méritos, a conquista de nada lhe serviu no final.
Esgotados e anestesiados por seu destrambelhado campeonato regional, os paulistas demoraram a acordar para o Brasileiro. Disputaram o primeiro turno em marcha lenta e, quando entraram a sério na competição, já era tarde -menos para o Santos, claro.
Ver o Santos e o Botafogo nas finais tem sabor de nostalgia. No início dos anos 60, os dois davam as cartas no futebol brasileiro -até que, em 1966, o fantástico Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes "surgiu do nada" e papou o Peixe de Pelé.

Por falar no grande Tostão, ele deu mais uma bola dentro domingo. Ao comentar os números do Datafolha no intervalo do jogo entre Milan e Lazio, na Rede Bandeirantes, o mineirinho de ouro disse algo até óbvio, mas esquecido por muita gente: "A estatística é importante, mas, sozinha, não diz muita coisa".
Ele se referia ao cômputo de chutes a gol, que parecia equilibrar os dois times: quatro tiros da Lazio, seis do Milan. "Só que, dos seis do Milan, cinco foram cara a cara com o goleiro", disse Tostão. "Chute de longe, na mão do goleiro, não representa perigo. Jogador que entra com a bola dominada na área representa, mesmo que não chute." Quem sabe, sabe.

Excepcionalmente hoje deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr

Texto Anterior: Números mostram equilíbrio
Próximo Texto: Riley, quem mais?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.