São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Burocracia atinge consulados

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois consulados estrangeiros que mais promovem eventos em São Paulo passam pelos mesmos problemas que os agentes culturais têm para realizar exposições e mostras no país.
Por questões diplomáticas, porta-vozes dessas representações concordaram em falar de suas dificuldades à Folha desde que os nomes dos países que representam não fossem citados.
Um dos consulados está considerando inclusive a possibilidade de vir a diminuir o número de eventos que organiza no país por causa da burocracia.
As duas representações afirmam ser impossível liberar obras na alfândega sem gastos extras com despachantes.
Nesses casos, a Receita Federal exige que o consulado passe uma procuração em oito vias com firma reconhecida pelo Itamaraty para o despachante.
É exigido também um xerox da carteira de identidade do diplomata que assinou a procuração.
Os representantes diplomáticos consideram os despachantes uma "máfia" que se beneficia com a burocracia na liberação de obras na alfândega.
Eles reconhecem que a burocracia também existe em outros países. As exceções são raras.
Mas afirmam que todo o processo de liberação de obras é mais rápido fora do Brasil por causa da agilidade dos sistemas alfandegários no exterior.
Segundo a Folha apurou, as cinco obras do escultor francês Auguste Rodin (1840-1917) que foram doadas recentemente pelo Banco Safra à Pinacoteca do Estado ficaram paradas cerca de 45 dias em um pátio do aeroporto de Cumbica à espera da liberação da Receita Federal.
O consulado da França, que acompanhou a operação, não nega ou confirma o ocorrido.
Segundo Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, a liberação das obras exigiu um pedido ao inspetor-chefe da Receita Federal, Flávio del Comuni, para que interviesse diretamente no caso.
(FCz)

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