São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995
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Não precisa ser honesto, basta parecer

MARCO CHEDID

Nunca, mas nunca mesmo, o exemplo da mulher de César (aquela do Império Romano) vem tanto à mente como nos últimos 20 dias, quando meu nome foi jogado na lama. Diria Jô Soares: em bocas de matildes. E por quê?
No princípio falaram em conversas minhas com o bicheiro Ivo Noal. Depois não fui eu, mas um advogado que falava em meu nome. Depois quem acusava escreveu falando que não acusava mais. Depois voltou a acusar. Afinal mandou me entregar US$ 150 mil, recolhido na própria moeda americana entre seus familiares. Seria engraçado se não fosse sério.
E já aí eu estou à beira da cassação. Criminoso maior, embora sem provas de meu crime. Aparece então o açougueiro Janus Wassel (nada contra os açougueiros, pois quem não honra a classe é esse cidadão, agora travestido de bingueiro) dizendo que todo mundo deu dinheiro à CPI. Ele não sabe quanto. Imagina que foram uns R$ 15 milhões. Provas, nada. Local onde o dinheiro foi entregue, onde e como: nada.
E mais lama. Agora é o jornalista Juca Kfouri funcionando como oficial de justiça da Corregedoria da Câmara que vai intimar um cidadão, chamado Jair de Paula, que teria dito que ouviu falar que deu dinheiro ao sr. Alejandro Ortiz. Os dois vêm depor na CPI e desmentem tudo, como fizeram na 89ª DP (SP).
Ora, não existem provas, pois não há suborno. Há sim um bando de acusações sem fundamento ou indícios, como condena pela imprensa de forma precipitada o deputado Hélio Bicudo, de que alguém ouviu falar ou mandou entregar dinheiro ao deputado Marquinho Chedid. Eu.
Não vai longe o caso da Escola de Base, em São Paulo. A leviandade de quem acusa sem provas e quem enlameia, sem perguntar, é resultado da campanha que me difamou. E isso por quê?
Porque sou um homem ligado ao esporte. Mexi com interesses poderosos do sr. Juca, por exemplo. Propus e instalei uma CPI que foi fundo na investigação da bandalheira que se tornou a exploração dos bingos, sem nenhum benefício para os clubes.
Nas investigações que fizemos e que estará retratada no relatório final da CPI, encontramos tráfico de drogas, prostituição e sonegação fiscal que pode atingir a casa do bilhão de reais.
E cada acusação foi desmontada por mim e pelos fatos. Mas quem acusa?
Na acusação do Bingo Liberty os "empresários" são testas-de-ferro do bicheiro Ivo Noal, como confirmou o delegado diretor da Polícia Judiciária da capital. E o sr. Janus Wassel, que pretende ganhar notoriedade por ser candidato a vereador. Não preciso informar que seu desejo vai ficar inviabilizado com meu processo de injúria, calúnia e difamação. Atitude que, aliás, tomarei contra todos os que me detrataram.
Aqui cheguei a bordo de meus quase 75 mil votos (não sou deputado de legenda subtraída de outras votações). e vim para lutar. Não ando em turmas e exerço com serenidade a liderança de meu partido, o PSD. Sem barganhas de qualquer tipo. Não tenho, por isso, o manto protetor de líderes consagrados na mídia, mas a solidão do trabalho. Sou um deputado querido na casa pela maneira como venho agindo.
Fui o primeiro a abrir rapidamente meu sigilo bancário ao presidente da Câmara, deputado Luiz Eduardo. Assim como fiz agora com o sigilo de meu telefone. Nada tenho a esconder e, aconteça o que acontecer, estarei na defesa do esporte brasileiro, trincheira em que me posiciono há anos.

MARCO ANTONIO ABI CHEDID, 38, é deputado federal pelo PSD de São Paulo, líder do partido na Câmara dos Deputados e membro titular da CPI do Bingo.

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