São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995![]() |
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Direitos humanos No mesmo dia em que o presidente Fernando Henrique Cardoso entregou o 1º Prêmio Direitos Humanos para o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, dois de seus integrantes foram sequestrados e assassinados por um grupo de homens armados. Trata-se de um exemplo cabal da extrema precariedade e insegurança a que ainda estão sujeitos os que trabalham em Organizações Não-Governamentais de defesa dos direitos humanos no Brasil. É lamentável, para dizer o menos, que o Estado não consiga garantir a integridade física de pessoas sabidamente visadas, e cujo trabalho é reconhecido não apenas por largas parcelas da sociedade, como agora, também, pela autoridade máxima do país. Os crimes de terça-feira dão uma brutal concretude à afirmação do sociólogo Caio Ferraz, outro premiado pelo presidente, de que está procurando asilo político no exterior e aceitaria ir "até para a Bósnia" para escapar das ameaças de morte que vem recebendo. O sociólogo, que agora está sob proteção do Ministério da Justiça, chegou à cerimônia oficial vestindo roupas emprestadas, tal foi o apuro com que fugiu da Casa da Paz da favela de Vigário Geral. Ele acabara de abandonar, por completa falta de segurança, o trabalho pelo qual estava sendo premiado. O governador do Estado de Pernambuco, onde ocorreram os dois assassinatos de terça-feira, designou um delegado especial para tentar apurar os crimes. Os resultados de investigações passadas envolvendo esse tipo de violência, entretanto, não são nada animadores. E muito raramente os responsáveis são punidos. Resta esperar que o declarado empenho do presidente comece a surtir efeitos concretos, pois na área de direitos humanos os avanços da democracia brasileira são pífios. Texto Anterior: A amostra que condena Próximo Texto: Haja teima Índice |
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