São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995
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Notícia de jornal

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO - Atormentado pelo desejo de comer um bife -coisa que não fazia há cinco meses-, Francisco Cláudio de Oliveira, 33, metro e meio de altura, ao ver um touro pastando à beira da estrada transpôs a cerca que os separava, agarrou o animal pelos chifres e torceu até quebrar-lhe o pescoço.
Na delegacia de Imbariê, distrito de Caxias, Oliveira explicou que lida com bois desde criança e atribuiu sua força ao que come -feijão, arroz, angu, verduras e inhame- e ao que bebe: só cachaça de garrafão.
No barraco de Oliveira, numa barranca do rio Imbariê, a polícia apreendeu cerca de 50 quilos de carne salgada que ele estava preparando na ocasião. O animal pertencia ao sitiante Heráclio Lins Pereira Gomes, 57, dono do sítio Parada do Roxo, em Imbariê.
Ontem, o delegado Lemos Lima levou Oliveira ao local da proeza a fim de que ele reconstituisse o crime. Foi usada a vaca "Tempestade", que a custo se livrou das mãos do seu atacante e saiu da experiência com vida, embora tonta e respirando com dificuldade.
O delegado Lemos Lima declarou que porá Oliveira em liberdade se ele se comprometer a indenizar o dono do touro sacrificado, o qual, por sua vez, deverá retirar a queixa contra o criminoso.
Conhecido em Imbariê e adjacências como o "Pequeno Ferrabrás" e tido como homem de poucas palavras, Oliveira contou que só matou o touro porque havia tomado umas cachaças com os amigos, de volta de uma pescaria. Além do mais, conforme já afirmara, estava realmente com vontade de comer um bife de carne "de boa procedência".
Os amigos -Roque Alves dos Santos e Alcides Alves Vieira- também foram presos em companhia da prostituta Dolores de Tal, mas não tiveram participação no trucidamento do touro, embora comessem os bifes que Oliveira preparou. Somente Dolores não comeu bife, declarando-se vegetariana.
Homem de muita coragem e de pescoço taurino, Oliveira vive com uma moça chamada Sônia, não tem filhos e deita-se sempre às 20h. Já foi preso por embriaguês e por suspeita de ter profanado o cemitério de Caxias.

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