São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Trabalhador mais pobre tem ganho maior

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o Plano Real, os trabalhadores que ganham menos tiveram aumento maior nos seus rendimentos do que os que ganham mais. É isso que mostra a pesquisa da Fundação Seade e do Dieese.
Pela pesquisa, o rendimento mínimo dos 10% mais ricos entre os ocupados (pessoas que de alguma forma trabalham, como assalariados, profissionais liberais, autônomos etc.) subiu 2,6% em setembro de 95 frente ao mesmo mês de 94.
O rendimento máximo dos 10% mais pobres teve aumento de 36,6% no período.
No caso dos assalariados, o aumento nos maiores rendimentos dos 10% mais pobres foi de 23,4%. No menor salário dos 10% mais ricos, houve queda de 1%.
Os não-assalariados, como autônomos ou profissionais liberais, tiveram ganhos maiores, puxando para cima os rendimentos.
"Ainda estamos sobre o impacto da queda da inflação, que beneficia mais os mais pobres", diz Sérgio Mendonça, diretor do Dieese. Ele, no entanto, relativiza os resultados da pesquisa.
"Como a indústria, que paga mais, demite, e o setor de serviços, que paga menos, contrata, há mais gente ganhando menos, e menos gente ganhando mais." Além disso, argumenta, um aumento de 36,6% sobre R$ 102 são só R$ 37 a mais.
O reajuste no salário mínimo, de 42,9% em maio, contribuiu para elevar os salários mais baixos, diz Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia da Fiesp.
Dados da Fiesp apontam aumento no salário real médio de 9,8% de janeiro até outubro deste ano e de 7,2% em outubro de 95 sobre o mesmo mês em 94.
Os salários subiram, diz Tabacof, pois as empresas, nos dissídios, repuseram a inflação e ainda concederam aumentos reais.
"Nos setores voltados para o consumo básico, como o de alimentos e eletroeletrônicos, não houve a retração de vendas verificada nos demais."
(CPL)

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