São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Economia e economistas
ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR. No Brasil, algumas modas pegam como praga de gafanhoto. Uma delas é falar mal de economistas e da economia. Não que se fale com conhecimento de causa, mas como muitos gostam de aparecer, o preconceito prospera.Em grande parte, a baixa estima da economia se deve à mania de alguns economistas de exagerarem as diferenças que os separam. Há muito mais concordância sob alguns aspectos do funcionamento da economia capitalista, por exemplo, do que sonha o leigo. Há também uma tendência disseminada nos países em desenvolvimento em chamar economistas para as mais diversas tarefas. E como há discordâncias, birras pessoais e inimizades, tudo isso contribui para a imagem de que os economistas são um bando de gatos: um unhando o outro. A coisa piora porque uma coisa são os conselhos consistentes de economistas (às vezes dolorosos). Mas outra é a realidade do jogo político, que muitas vezes aprova sonoras bobagens (como o artigo da Constituição que limita a taxa de juros a 12% ao ano). E a economia sempre tem dois lados: taxas de juros altas são péssimas para a indústria, o comércio e devedores. Mas são boas para os poupadores. Quando o mercado monetário é livre (coisa que no Brasil é uma miragem longínqua), a taxa de juros iguala a oferta e a demanda e equilibra o mercado. Tal situação, evidentemente, não tem nada a ver com as estratosféricas taxas de juros que o Banco Central induziu no país por excesso de zelo, ansiedade ou preocupação doentia. A economia é uma ciência e uma arte. O estudo sério dessa ciência ilumina a cabeça dos estudiosos. Mas não é uma ciência exata, por afetar a vida de milhares de pessoas, que reagem de maneiras diferentes; assim, a prática da economia é uma arte das mais difíceis. Os grandes economistas, os que deixaram legados duradouros no pensamento econômico, foram e são exatamente aqueles que conseguem aliar o rigor do pensamento lógico econômico à observação da realidade e um certo espírito prático. Prezados alunos de colegial. Se vocês procuram uma profissão, considerem com carinho a economia, pois vale a pena. Texto Anterior: FHC deve apoiar CPI Próximo Texto: Capobianco parte para o 'parlamentarismo' gerencial Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |