| São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995 |
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a outra terra santa
CLAUDIA JAGUARIBE onipresente. Em todos os lugares, há uma referência a ele. Não há miséria e não se vê criança com fome. A educação é obrigatória até para os beduínos do deserto. Temos a impressão de um povo orgulhoso e solidário. O inimigo externo, projetado na luta com Israel, ameniza os conflitos internos.Na Jordânia, há um desejo mais forte de ocidentalização. No Líbano, as marcas da guerra estão em toda parte. Banho público de mulheres A hospitalidade árabe é a sério. Há uma enorme vontade de agradar, com uma autenticidade só encontrada onde ainda não se sabe o que é o turismo de massa. No campo, todos olham e se deixam olhar. Nas cidades, a qualidade das relações já é outra. As mulheres, sobretudo as veladas, não se deixam fotografar e se irritam com a curiosidade turística. O confronto do velho e do novo, do ocidente e oriente, é mais evidente. Para uma mulher estrangeira, andar pelas ruas sem rumo envolve, no mínimo, uma certa tensão. Fui a um banho público de mulheres. Para minha irritação, era proibido fotografar e tive de entregar minha câmera. Entrei e fui surpreendida pelo grande número de mulheres presentes em inúmeras salas. A maioria vestida com enormes calcinhas e sutiãs pretos, outras nuas. Eram de todas as idades. Muitas estavam acompanhadas de seus filhos pequenos, algumas ainda amamentando. Elas cantavam, tocavam instrumentos típicos e faziam refeições no chão molhado da sauna. Trata-se de um lugar de confraternização e de relaxamento. A energia que elas demonstravam ali contrasta com o recato e o rigor das suas roupas pretas fora dali. Há, no Oriente Médio de hoje, por trás dos séculos de tradição, uma energia mal contida. Texto Anterior: a outra terra santa Próximo Texto: a comilança Índice |
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