São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Sobe para 52 o número de suicídios de kaiowás

ABNOR GONDIM
ENVIADO ESPECIAL A DOURADOS (MS)

Aumentou para 52 o número de índios guaranis-kaiowás que cometeram suicídio neste ano. O último caso ocorreu no sábado, na aldeia Amambai (MS).
O auto-extermínio dos kaiowás é o principal motivo da visita do ministro Nelson Jobim (Justiça) a três aldeias indígenas.
Ele chegou ontem à tarde com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e seis deputados federais das comissões de Direitos Humanos e de Minorias.
Segundo dados da Funai (Fundação Nacional do Índio), este é o ano mais crítico de suicídios entre os kaiowás.
Estudo do antropólogo Antônio Brand aponta que a sucessão de suicídios é resultado do processo de confinamento a que os índios foram induzidos.
Segundo ele, a superpopulação indígena nessas áreas obriga os índios a trabalhar como bóias-frias em fazendas e usinas de açúcar e álcool em troca de salários baixos e jornadas de trabalho de até seis meses sem interrupção.
"Eles não são bóias-frias e estão perdendo a identidade indígena, uma das causas dos suicídios, ao lado da miséria nas aldeias", afirma o antropólogo.
A Funai começou em novembro um censo para identificar a população e as causas dos suicídios.
O antropólogo calcula que em oito áreas vivem cerca de 25 mil índios distribuídos por cerca de 18 mil hectares. Isso concentrou as comunidades indígenas da região, pois cada índio tem cerca de um campo de futebol para plantar e se manter.
Em Roraima e Amazonas, na reserva ianomâmi, a reserva demarcada de 9 milhões de hectares garante cerca de 1.400 campos de futebol para cada um dos 9.000 índios estimados na região. Por isso, a Funai quer ampliar as áreas indígenas dos kaiowás.

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