São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Médicos ameaçam plano de Maluf com greve

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do CRM (Conselho Regional de Medicina), Paulo Henrique Silveira, adiantou que a plenária que os médicos realizam hoje deve referendar a deflagração de uma greve caso alguém seja transferido por não aderir ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
O secretário municipal da Saúde, Roberto Paulo Richter, decidiu transferir de unidade os médicos que não aderirem ao PAS. "Se mexer com médico, não vai ficar barato", afirmou Silveira.
O PAS prevê a transferência dos hospitais municipais para cooperativas de médicos e funcionários licenciados da prefeitura.
As cooperativas receberão do governo R$ 10,00 por morador cadastrado. O dinheiro será utilizado para cobrir as despesas com remédios e outros custos. O que sobrar será rateado entre os cooperados.
Grande parte dos médicos se opõe ao PAS. Para eles, o plano é o primeiro passo de um processo de privatização da saúde.
O prefeito Paulo Maluf (PPB) acredita que o plano vai resolver os problemas de gerenciamento e de qualidade dos serviços.
Ontem, Silveira esteve no Hospital do Jabaquara (zona sul). Segundo ele, apenas oito dos 450 médicos do Jabaquara aderiram ao plano proposto por Maluf.
Ele colocou em dúvida o número que vem sendo divulgado por Richter. O secretário tem afirmado que mil médicos, dos 8.000 do quadro da prefeitura, já se associaram a alguma cooperativa.
"Se tivesse tudo isso, eles já teriam assinado convênio com alguma cooperativa", disse Silveira.
Richter acusou o presidente do CRM de estar tentando se "promover na mídia".
"Quem está resistindo são os médicos. As instituições apenas representam a vontade da categoria", rebateu Silveira.
Represália
Na semana passada, o prefeito baixou uma ordem interna na qual determina à Secretaria da Saúde o cancelamento de faltas justificadas no caso de greve dos médicos.
Parte dos médicos queria deflagrar a paralisação já a partir de hoje, começando pela zona norte. É lá que o PAS deve começar.
Richter prometeu assinar o primeiro convênio ainda este ano.

Texto Anterior: Secretária do caso PC vira líder sindical
Próximo Texto: Executivo quer novo conselho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.