São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995 |
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Previdência une adversários contra reforma
GUILHERME EVELIN; VIVALDO DE SOUSA
Interessados em adiar a votação da reforma para o próximo ano, alguns integrantes da comissão especial consideraram providencial a "invasão" dos cerca de 2.000 manifestantes (avaliação da segurança da Câmara). Deputados como Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP), Jair Meneguelli (PT-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) deram apoio aos manifestantes, que agitaram a ocupação com palavras de ordem e cartolinas cor-de-rosa, em alusão à pasta do banco Econômico. "Um, dois, três, quatro, cinco, mil, se mexer na Previdência, paramos o Brasil", foi a palavra de ordem mais gritada. Ela foi acompanhada com batidas ritmadas na mesa pelo relator Euler Ribeiro (PMDB-AM), que, sorrindo, acenava com punho cerrado. "Não quero conflitar. Cantei e bati palmas porque qualquer um que falasse alguma coisa contra seria linchado", justificou. Encarregado da condução dos trabalhos, o presidente da comissão especial, deputado Jair Soares (PFL-RS), não tomou providências para coibir a entrada dos manifestantes nem pretende tomá-las. "Não é problema meu. Tenho de ser o mais tolerante e democrático possível. Onde eu estou não precisa de segurança", disse. Ao suspender a sessão alegando falta de condições de realizá-la, Soares fez ainda um discurso, intensamente aplaudido, contra a forma "açodada" como está sendo discutida a reforma. O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, e o deputado Paulo Paim (PT-RS) disseram que a estratégia das centrais e da oposição será tentar obstruir, ao máximo, a votação da reforma para adiá-la para o próximo ano. "O melhor caminho é esse. No voto, não vamos ganhar nada", afirmou Paim. A estratégia de obstrução conta com a concordância do presidente da comissão especial e do relator. "Ótimo, excelente", comentou Jair Soares. "Seria bom mesmo ter mais tempo para discutir a proposta e aperfeiçoá-la", completou Euler Ribeiro. Diante das dificuldades para iniciar a discussão, aliados do governo começam a rever a possibilidade de a reforma ser votada ainda neste ano na comissão especial. "Vai depender muito da França. Tudo que acontece lá repercute muito aqui", disse o líder do PMDB, deputado Michel Temer (SP), a respeito das greves na França por causa da reforma previdenciária naquele país. Texto Anterior: 'Ele tem medo de ser cassado' Próximo Texto: Maciel recebe CUT e Força Sindical Índice |
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