São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Vera Fischer ex-babá de armação

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A atriz Vera Fischer, 44, negou ontem ter agredido com tesoura sua ex-empregada Sandra Vasconcelos Costa, 25, e deu a entender que haveria uma relação entre seu ex-marido Felipe Camargo e a acusação de Sandra. Vera deu entrevista coletiva ontem em sua casa, em São Conrado (zona sul do Rio), ao lado do filho Gabriel, 3.
Vera acusou o ex-marido de invadir sua casa para buscar o filho e disse que recebeu ameaças de sequestro. Afirmou que teme pelo filho, não por si: "Se eu morrer, eu já fiz história, já vou para a enciclopédia". Disse que pediu R$ 1 milhão para tirar a roupa para a "Playboy", mas que não teve a proposta aceita, e que vive "com os dois pés à beira do abismo". A seguir, trechos da entrevista.

Pergunta - Qual a sua versão para as acusações de Sandra Vasconcelos?
Vera Fischer - No sábado, ela saiu e não voltou. No domingo, nada. Tinha ligado um homem para ela. Aí eu mandei buscá-la. Ela entrou no meu quarto, morta de medo, com uns óculos escuros. Falou que estava doente. Eu perguntei: "Você falou com o Felipe?". Ela, de olho baixo, disse que não, com jeito de quem está mentindo. Eu disse que não acreditava. Ela subiu na minha cama e começou a me agredir, me deu um empurrão contra a janela e eu quase caí. É porque eu sou forte e me segurei. Senão, era um tomate que vocês teriam e iam lamentar para o resto da vida, porque, sem mim, a vida fica muito sem graça, vocês não iam ter que correr atrás de mais ninguém.
Pergunta - Mas ela disse que a senhora a agrediu.
Vera Fischer - Ela apareceu com essa história de mão, peito, que ela mostra com um sorriso cínico. Deve ter feito o que a fotógrafa da "Caras" fez. Cortou a mãozinha e disse que fui eu.
Pergunta - Mas os outros empregados confirmam que a senhora agrediu a babá.
Vera Fischer - Quem se nivela por baixo sempre fica na turminha. Eles sempre estão de acordo. Essa raça de empregado sempre é unida.
Pergunta - A babá Sandra disse que a senhora tinha ciúmes de Felipe Camargo. A senhora vê alguma relação dele com esse episódio?
Vera Fischer - Eu acho que todas as babás conseguem ser arrebanhadas por ele de alguma forma. Não sei se é porque ele tem algo de sedução com as mulheres. Pode ser delírio meu, mas eu tenho uma intuição muito forte de que pode ser isso. Mas não posso afirmar nada.
Pergunta - A senhora tem problemas de relacionamento com Felipe Camargo por causa do Gabriel?
Vera Fischer - O Felipe estava muito desorganizado com o horário das visitas, por isso procurei um advogado. Ele vinha no meio da noite sem avisar. Um dia ele veio como se a casa ainda fosse dele e ainda discutiu comigo. Me agrediu com um troço na cara.
Pergunta - A senhora não está questionando a pensão? Vera Fischer - Coitado! Vou brigar por quê? Cada um dá o que pode dar. Agora ele não pode dar nada. Quando eu casei com o Felipe -quer dizer, não casei, porque sou solteira até hoje- eu achava sensacional, ele era o Édipo, eu era a Jocasta. Eu não conhecia o baixo Leblon (região de bares na zona sul do Rio), essa coisa meio marginal. Isso me seduzia muito, eu era muito apaixonada, e podia ter sido feliz com ele para sempre. Bem, não fui. Essa criatura não me fez nenhum bem.
Pergunta - A babá disse que a senhora estava drogada, alcoolizada. A senhora não teme que isso seja usado por Felipe para tomar a guarda de seu filho?
Vera Fischer - Ela tem que provar, porque ela mente. Não temo que isso possa ser usado pelo Felipe, porque ele não tem a menor condição. Ele não tem casa própria, ele não tem emprego. Eu tenho tudo isso e sou mãe. O Felipe mora com a avó na Xavier da Silveira (em Copacabana, zona sul), na frente de uma bandidagem, onde corre tiro para lá e para cá. Você quer que eu deixe o meu filho naquele antro, para levar tiro? Não. Eu há três meses recebi ameaça de sequestro para mim e para o meu filho, saí com escolta.
Pergunta - A senhora acha que a babá quis se promover? Vera Fischer - Coitadinha! Acho que todas as pessoas que estão perto de mim nessas circunstâncias querem aparecer. Só que não dá para ser a outra pessoa. Eu sou eu, e ela é ela. Fora disso, só pode me fazer mal. E se eu morrer vai fazer falta? Vão sentir tanto que não vão ter mais de quem falar. O que vão falar de Adriane Galisteu? Tão bacana, uma criatura maravilhosa, uma alma divina, um talento nato, um corpo deslumbrante...
Pergunta - A senhora está com raiva?
Vera Fischer - Muita. Eu tenho raiva dentro de mim, senão eu não viveria. Não sou como essas lesmas, que ficam paradas, sentadas, esperando os outros acontecerem para escrever sobre eles.
Pergunta - Como é Vera Fischer no dia a dia?
Vera Fischer - Eu: Vera Fischer, cidadã, autônoma, poderosa e bonita. Só me matando. E já dei licença de ser cremada.
Pergunta - A outra empregada disse que a senhora estava irritada porque está ficando velha. A senhora está ficando velha?
Vera Fischer - Alguém tá achando que eu estou ficando velha? É claro que eu tô. Tenho 44 anos. Me acho mais bonitinha. Aqui tem algumas bonitinhas. São novas, hein? Quero ver quando tiverem 44 anos. E ganhando seu próprio dinheiro. E enfrentando a vida com os dois pés na beira do abismo, só eu, querida. A vida inteira. Eu me jogo, eu sou cientista, cobaia, a experiência, tudo. Eu não uso os outros.

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