São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Caso parecido não foi julgado

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de dois anos e meio, outro caso de crime passional na USP ainda não foi julgado.
Em 18 de maio de 1993, no Instituto de Física, um estudante tentou matar a ex-namorada e o novo namorado dela.
Mauro Carvalho Mota, hoje com 27 anos, deu um tiro em Marcia Maria de Moura e outro em Alexandre Suaide, os dois com 23 anos hoje, em uma sala do edifício do Pelletron (acelerador de partículas usado para estudar átomos).
Mauro e Marcia haviam rompido o namoro pouco tempo antes e ele não se conformava em vê-la com Alexandre.
Marcia e Alexandre foram feridos no rosto, mas sobreviveram. A bala que atingiu a moça entrou perto do queixo e saiu pelo pescoço. "Ficou uma cicatriz mínima", constata Marcia, que trabalha até hoje no Pelletron com Alexandre. Os dois ainda namoram.
O crime também já cicatrizou na mente dela. "Lembro muito de vez em quando. Às vezes dizemos: 'Pôxa, que sorte a gente teve"'.
Marcia lamenta que novo crime, desta vez com mortes, tenha ocorrido na USP. "Nem tem como comparar. Lembro a reação dos meus pais e fiquei pensando na mãe da menina."
Ela afirma ter pouco receio pelo fato de Mauro estar livre. "De vez em quando penso nisso, mas procuro não pensar."
Por não ter antecedentes, ele recuperou a liberdade e aguarda julgamento por dupla tentativa de homicídio. Se condenado, ele pode pegar pena mínima de dois e máxima de 20 anos de prisão.
Mauro foi expulso da USP. Ainda mora com a família em uma casa no Sumaré. Sua família se recusou a falar à Folha.
A defesa tentou, sem sucesso, "reduzir" a acusação para lesões corporais, alegando que Mauro queria apenas atirar para o alto, para assustar os colegas. Ele andava armado na época, sustenta a defesa, devido ao medo de assaltos.
Marcia só voltou a ver Mauro em uma audiência no fórum. Não se falaram. Ela prefere não opinar sobre o julgamento: "Compreender, a gente nunca compreende. Mas não estou aqui para julgar ninguém."

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